
Paraíba - Abrir o baú das memórias pessoenses, a partir de Jaguaribe, nos permite encontrar um repositório impressionante de manifestações culturais que marcam a história da capital paraibana. Uma delas – aliás, ainda resistente em meio às dificuldades de toda a ordem, da burocracia às finanças públicas, passando, evidentemente, por naturais mudanças de paradigmas carnavalescos – é o clube de frevo Piratas de Jaguaribe, uma das glórias desse tradicional bairro pessoense.
Aliás, o mesmo berço de outros blocos de orquestra como Batutas de Jaguaribe, Filipeia, Vinte e Cinco Bichos e Zé Pereira. Nos tempos de criança, onde o carnaval da capital paraibana se traduzia pelo corso, pelos clubes fechados e pelo desfile de rua (hoje chamado de “carnaval tradição”), ao lado dos índios, dos maracatus e das escolas de samba, pontificavam os clubes de frevo. A entrada dessas agremiações na passarela do carnaval de rua pessoense sempre representou uma emoção à parte.
Nas minhas preferências de criança, nesse particular, havia um entusiasmo maior quando pintava o Piratas. Afinal de contas, as histórias de piratas sempre povoaram muito acentuadamente as mentes infantis. As espadas, as bandanas, o tapa olho, o papagaio, todos esses símbolos eram muito fortes na cabeça da meninada.
Fora do carnaval, os Piratas desempenhavam papel significativo na condição de polo cultural aglutinador, naquele bairro pessoense. Impossível, portanto, a gente pretender fixar em textos traços memoriais da cidade, sem falar nos Piratas de Jaguaribe. Oportuno lembrar que as iniciativas humanas costumam ser muito eficientes, quando alimentadas pela vontade, como um dia fez o então secretário de Cultura de Pernambuco, Ariano Suassuna, ao puxar o maracatu dos escaninhos do desamparo, possibilitando a pujança que a referida manifestação voltou a representar na cultura daquele estado. Falo isso porque há muitas expressões folclóricas a serem revividas em João Pessoa.

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.