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Paraíba - Na noite deste domingo (02), o programa Fantástico exibiu uma reportagem detalhando os resultados da Operação La Catedral, conduzida pela Polícia Federal da Paraíba. A investigação revelou um esquema criminoso dentro do Presídio de Igarassu, em Pernambuco, onde policiais penais recebiam propina em troca de regalias para os detentos.
Segundo a reportagem, os presos tinham acesso a festas luxuosas, incluindo churrascos dentro da unidade, bufês contratados e até mesmo a entrada facilitada de garotas de programa. As celas foram transformadas em espaços de entretenimento, equipadas com aquários, videogames, sistemas de som e iluminação, funcionando como verdadeiras boates particulares.
As imagens mostraram que os detentos não enfrentavam restrições financeiras, pois contavam com a conivência de agentes responsáveis pela fiscalização. A investigação apontou que o esquema permaneceu ativo por pelo menos sete anos. Os agentes penais envolvidos recebiam propina em forma de joias, celulares e grandes quantias em dinheiro. Um dos suspeitos, Heronildo dos Santos, usava os recursos ilícitos para financiar a construção de uma piscina em sua residência.
O ex-diretor do presídio, Charles Bellarmino de Queiroz, foi identificado como um dos principais articuladores do esquema. Na última terça-feira, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão e prendeu oito agentes penais, além do próprio Charles Bellarmino. As investigações tiveram início após a apreensão de um telefone celular utilizado por Lifferson Barbosa da Silva, chefe da operação criminosa dentro da unidade prisional. Vídeos gravados ao longo dos anos registram diversas celebrações e atividades ilícitas no local.
Os agentes penitenciários envolvidos podem responder por crimes como corrupção passiva, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Além de garantir regalias aos presos, o esquema permitia a montagem de um laboratório de produção de drogas dentro da penitenciária, onde os entorpecentes eram tanto vendidos quanto consumidos.
Em resposta às acusações, a defesa de Charles Bellarmino de Queiroz alegou que o material colhido na investigação não passou por perícia judicial, o que, segundo seus advogados, fragiliza as acusações contra ele. A Secretaria de Administração Penitenciária de Pernambuco informou que o ex-diretor e outros quatro agentes já haviam sido afastados antes da operação policial.
A Polícia Federal segue investigando a corrupção no presídio de Igarassu, e novas prisões podem ocorrer conforme o avanço das apurações.