Grande premiação

Oscar tem disputa mais imprevisível dos últimos anos, dizem especialistas

Fernanda Torres em cena de "Ainda estou aqui" — Foto: Reprodução
Fernanda Torres em cena de "Ainda estou aqui" — Foto: Reprodução

“E o Oscar vai para…” A tradicional frase que antecipa o anúncio das estatuetas da premiação mais glamourosa da sétima arte promete vir acompanhada este ano de algumas surpresas após uma temporada sem um grande favorito. Se no ano passado todo mundo sabia que “Oppenheimer” seria o grande vencedor da premiação, em 2025 o cenário é de indefinição.

A 97ª edição da premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood acontece hoje no Dolby Theater, em Los Angeles, na Califórnia, Estados Unidos. Além disso, a cerimônia contará com a apresentação de Conan O’Brien e terá transmissão em TV aberta no Brasil pela primeira vez em cinco anos. Especificamente, a Globo exibirá o Oscar para todo o país, com exceção do Rio de Janeiro, que, neste mesmo horário, acompanha o desfile das escolas de samba. Por outro lado, o canal por assinatura TNT e o streaming da Max também fazem a transmissão.

Quando as indicações ao Oscar foram anunciadas, no dia 17 de janeiro, “Emilia Pérez” parecia o filme a ser batido. O musical francês recebeu nada menos que 13 indicações, uma a menos que o recorde histórico de “A malvada”, “Titanic” e “La La Land — Cantando estações”, indicados em 14 categorias. Mas muita coisa aconteceu nestas últimas seis semanas. Os incêndios em Hollywood ampliaram o período de votação, outras premiações agitaram o calendário e a polêmica envolvendo a revelação de posts antigos no X de Karla Sofía Gascón, que fez comentários contrários a minorias e à própria cerimônia do Oscar, caiu como uma bomba na imprensa americana.

Cartas na mesa

Desde então, filmes como “O brutalista”, “Um completo desconhecido”, “Conclave” e “Anora” vêm sendo citados como favoritos ao Oscar na categoria principal, que conta ainda com as presenças de “Emilia Pérez”, “A substância”, “Wicked”, “Duna: Parte 2”, “O reformatório Nickel” e, é claro, “Ainda estou aqui”. O drama brasileiro dirigido por Walter Salles também está na disputa de melhor filme internacional e melhor atriz, com Fernanda Torres.

— Acho que essa corrida é a mais imprevisível dos últimos anos. Apesar de cobrir premiações há dez anos, não saberia em quem apostar se tivesse que colocar dinheiro — diz o jornalista Rodrigo Salem, radicado em Los Angeles. — Não sei se vai ser uma premiação de um filme levando todos os prêmios. Tenho a impressão de que será bem dividido.

Votante do Critics Choice Awards, Salem vê “Anora” com leve favoritismo na categoria principal após conquistar os prêmios dos sindicatos dos produtores (PGA), diretores (DGA) e roteiristas (WGA), mas não descarta a possibilidade de conquista de “Conclave”, vencedor do Bafta e do SAG Awards de melhor elenco, e “O brutalista”. Ele cita outras disputas que parecem bem abertas, especialmente melhor atriz (Demi Moore x Mikey Madison x Fernanda Torres), ator (Adrien Brody x Timothée Chalamet), direção (Sean Baker x Brady Corbet) e roteiro original (“A verdadeira dor” x “A substância” x “Anora”).

Brasileira

Brasileira radicada em Nova York, Miriam Spritzer, repórter de entretenimento e diretora da Golden Globes Foundation, também destaca a imprevisibilidade da disputa, com exceção de algumas poucas categorias, como ator coadjuvante e atriz coadjuvante, que acredita estarem encaminhadas para Kieran Culkin (“A verdadeira dor”) e Zoe Saldaña (“Emilia Pérez”).

— Foi uma corrida muito intensa e conturbada. Tivemos de tudo: dramas, discussões sobre uso de inteligência artificial, escândalo envolvendo a primeira mulher trans indicada ao Oscar e muitos altos e baixos — diz a votante do Globo de Ouro. — É um ano bem difícil de prever. A Academia tem passado por uma mudança de perfil dos membros, com a entrada de muitos nomes internacionais. Isso tem dado uma maior atenção aos longas internacionais como vemos com as indicações de “Ainda estou aqui” e “Emilia Pérez” na categoria principal, e de Fernanda e Karla Sofía Gascón para melhor atriz.

O Globo