
A atual Rua Duque de Caxias, em tempos de antanho, se dividia em três, e a última parte atendia pela denominação de Rua do Colégio ou São Gonçalo, a referenciar o Colégio ou a Igreja de São Gonçalo (depois, da Conceição), do conjunto jesuítico, que ficava em seu final. Estendia-se entre a esquina do Beco do Rosário, atual Guedes Pereira, e a praça que hoje tem o nome de João Pessoa.
As duas primeiras divisões eram a Direita, do conjunto franciscano ao Beco da Misericórdia, e a da Baixa, daí ao Beco do Rosário. Pelo que mostram fotos antigas (como a que ilustra o texto, datada do ano de 1921, publicada na revista Era Nova), o segmento possuía belos casarões, entre eles, o do Barão de Maraú (à esquerda da foto), derrubado para a construção do Paraíba Hotel, e o outro (à direita) no espaço onde depois foi edificado o prédio do Ipase. Grande ponto de convergência, e de movimento no referido trecho da Duque de Caxias, sempre foi o Palácio da Redenção, residência de governadores e sede do governo. Com o Lyceu e a Escola Normal, no final do Século XIX, atuais Faculdade de Direito e Tribunal de Justiça, respectivamente, aquela parte da Duque de Caxias (assim, já denominada) continuou crescendo em importância social no contexto urbano da capital paraibana.
A partir da segunda metade da década de 1920, após a configuração da Praça Vidal de Negreiros (Ponto de Cem Reis), como centro nervoso da cidade, e ainda a edificação do prédio do jornal A União (depois, Assembleia Legislativa), a instalação da Faculdade de Direito e do Tribunal de Justiça, o que foi a Rua do Colégio se fez mais importante. Isso, em virtude do trânsito constante de políticos, jornalistas e estudantes no caminho para os cafés e bate-papos do Ponto de Cem Reis, no qual se tomava conhecimento das principais novidades políticas e sociais e de toda ordem da vida pessoense. Lembrando ainda que ali funcionou por largo período o Colégio Underwood, a Livraria Casa do Estudante, além da Vila Caxias a servir de residência a muitos jovens do interior do estado. Hoje, toda essa transição urbana faz parte da memória da cidade.
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Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.