PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. Rua do Colégio ou São Gonçalo - Por Sérgio Botelho

A atual Rua Duque de Caxias, em tempos de antanho, se dividia em três, e a última parte atendia pela denominação de Rua do Colégio ou São Gonçalo, a referenciar o Colégio ou a Igreja de São Gonçalo (depois, da Conceição), do conjunto jesuítico, que ficava em seu final. Estendia-se entre a esquina do Beco do Rosário, atual Guedes Pereira, e a praça que hoje tem o nome de João Pessoa.

As duas primeiras divisões eram a Direita, do conjunto franciscano ao Beco da Misericórdia, e a da Baixa, daí ao Beco do Rosário. Pelo que mostram fotos antigas (como a que ilustra o texto, datada do ano de 1921, publicada na revista Era Nova), o segmento possuía belos casarões, entre eles, o do Barão de Maraú (à esquerda da foto), derrubado para a construção do Paraíba Hotel, e o outro (à direita) no espaço onde depois foi edificado o prédio do Ipase. Grande ponto de convergência, e de movimento no referido trecho da Duque de Caxias, sempre foi o Palácio da Redenção, residência de governadores e sede do governo. Com o Lyceu e a Escola Normal, no final do Século XIX, atuais Faculdade de Direito e Tribunal de Justiça, respectivamente, aquela parte da Duque de Caxias (assim, já denominada) continuou crescendo em importância social no contexto urbano da capital paraibana.

A partir da segunda metade da década de 1920, após a configuração da Praça Vidal de Negreiros (Ponto de Cem Reis), como centro nervoso da cidade, e ainda a edificação do prédio do jornal A União (depois, Assembleia Legislativa), a instalação da Faculdade de Direito e do Tribunal de Justiça, o que foi a Rua do Colégio se fez mais importante. Isso, em virtude do trânsito constante de políticos, jornalistas e estudantes no caminho para os cafés e bate-papos do Ponto de Cem Reis, no qual se tomava conhecimento das principais novidades políticas e sociais e de toda ordem da vida pessoense. Lembrando ainda que ali funcionou por largo período o Colégio Underwood, a Livraria Casa do Estudante, além da Vila Caxias a servir de residência a muitos jovens do interior do estado. Hoje, toda essa transição urbana faz parte da memória da cidade.

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.