Política

Efraim credencia-se como estrategista na oposição para disputa de 2026 - Por Nonato Guedes

Reprodução: Internet
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Paraíba -      Até pela posição confortável que detém em termos de mandato, no exercício da cadeira senatorial conquistada em 2022, derrotando nomes influentes como o ex-governador Ricardo Coutinho (PT) e a secretária Pollyanna Dutra (PSB), o líder do União Brasil Efraim Filho credencia-se como estrategista competente no bloco oposicionista para montar a engenharia que pretende derrotar o esquema do governador João Azevêdo (PSB) nas eleições de 2026. Ele age articulado com o ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), que conseguiu empurrar a disputa para o segundo turno em 2022, e tenta atrair ou, pelo menos, neutralizar as forças da direita bolsonarista agrupadas em torno do deputado federal Cabo Gilberto Silva e do ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, do PL, ávidos por marcar presença no confronto majoritário estadual. A ideia de uma “frente ampla” já no primeiro turno é sedutora para Efraim, mas o senador está aberto a outras possibilidades, dentro da visão realista e do domínio que tem sobre o desafio de dar combate ao rolo compressor que se apresentará sob a liderança de João Azevêdo.

           Nas últimas horas o ex-deputado Pedro Cunha Lima reiterou o seu interesse de voltar a disputar o Palácio da Redenção, dizendo-se intérprete de um projeto que promete mudar a face do Estado e quebrar a hegemonia dos socialistas, instaurada quando Ricardo Coutinho emergiu das urnas como fenômeno, jogando para escanteio antigos e influentes chefes políticos paraibanos. Ricardo, por sua vez, tenta se reerguer do furacão da Operação Calvário que lhe rendeu duas derrotas consecutivas desde que deixou o governo do Estado e partir para uma acalentada revanche contra João Azevêdo, o ex-pupilo que apresentou ao eleitorado paraibano como seu candidato “in pectoris” no pleito de 2018. O campo de atuação de Coutinho continua sendo a esquerda, mais precisamente o Partido dos Trabalhadores, para o qual ele fez o caminho de volta depois de uma passagem venturosa pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) cujo comando acabou enfeixado pelo ex-aliado João Azevêdo. Mas é entre o esquema de João e o grupo oposicionista de Efraim que o próximo confronto deve se dar, conforme analistas políticos.

            Efraim deixou claro, ainda ontem, numa entrevista à rádio Arapuan, que está preparado para ser o candidato ao governo em 2026, independente de quem for o adversário a ser lançado pelo esquema oficial, mas também salientou que não cogita fazer imposição aos companheiros da trincheira oposicionista, tendo apenas a expectativa de que a definição por candidatura leve em conta critérios de viabilidade eleitoral na temporada do próximo ano. Como estrategista-mor da oposição ele tem promovido reuniões informais e discussões superficiais sobre cenários e variáveis para o pleito de 2026, atento, ainda, aos impasses porventura existentes no bloco oficial e que, na sua opinião, são visíveis e de difícil superação. A esse respeito, Efraim Filho avalia que há pretendentes demais no esquema governista para poucas vagas, o que pressupõe, inexoravelmente, a perspectiva de insatisfações pontuais e, no rastro dessas insatisfações, o horizonte de defecções, no rumo da oposição, engrossando as fileiras desta na batalha que é tida como decisiva para os oposicionistas.

             Justamente por se valer, como ele gosta de repetir, da “inteligência estratégica” na formulação de diretrizes para a oposição em 2026, o senador do União Brasil examina as táticas e os atalhos que possam se revelar mais indicados para fortalecer o bloco a que pertence. A oposição – assegura ele – está aberta a adesões de deputados, senadores ou de outras lideranças políticas que estejam fortemente motivadas a romper com o governo do Estado por causa de pleitos não atendidos ou mesmo de discordância com os rumos tomados na consecução da estratégia política situacionista. Além da abertura às adesões, o parlamentar se diz aberto à análise de opções que forem colocadas na mesa como mais viáveis para implodir o poder de mando de um esquema que se reveza há quase duas décadas no sistema de poder estadual. Efraim tem habilidade e experiência para costuras difíceis, pois na campanha de 2022 logrou manter para si o apoio do Republicanos à candidatura ao Senado, mesmo com a adesão formal daquela legenda à candidatura de João Azevêdo ao Executivo. Foi um caso inovador que chamou a atenção por alterar as relações de poder na Paraíba, introduzindo novos elementos de composição política no cenário.

             Efraim Filho, que mantém uma posição de independência em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar do seu partido integrar a base no Parlamento, movimenta-se no sentido de ocupar espaços que foram deixados por líderes remanescentes de outras campanhas, como o seu próprio pai, Efraim Morais, que também foi senador, e o ex-governador Cássio Cunha Lima. Mantém canais de articulação com o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), respeitando a condição “lulista” do parlamentar, que recebeu a primeira declaração de apoio de Lula na campanha de 2022 na Paraíba. O trabalho do senador do União Brasil não se resume ao campo teórico e são conhecidas as suas investidas por municípios e regiões da Paraíba, levando benefícios oriundos de emendas parlamentares e, ao mesmo tempo, dialogando com líderes locais a respeito de propostas que possam ser agitadas pelo campo oposicionista na batalha de 2026. Ele enfatiza que a oposição não será colhida de surpresa na preparação para o pleito vindouro.