Um casamento tem na sua essência, a finalidade da união eterna. E isso muitas vezes é ainda mais forte nas uniões entre agentes públicos, que tornam esses casamentos em verdadeiras alianças políticas.
Essas uniões que por muitas vezes, duram décadas, infelizmente por motivos diversos, tem seu fim, após a morte de um dos parceiros.
A partida de um ente querido é um duro golpe para qualquer um, independente da sua classe social, mas o lema de seguir em frente é algo que muitos seguem e acreditam, como forma de homenagear aqueles que amamos.
Pensando em mostrar casos de mulheres que continuaram na vida pública, após a morte dos esposos, o Polêmica Paraíba apresenta oito desses casos, trazendo um pouco das suas histórias e particularidades.
Léa Toscano
Primeira-Dama entre 1983 e 1988, Léa Toscano tentou ser Prefeita de Guarabira pela primeira vez em 1992, sendo eleita em 96 e se reelegendo quatro anos depois.
Após uma tentativa de retorno à Prefeitura em 2008, Léa se torna Deputada Estadual em 2010, ficando no cargo até 2014, quando abriu mão da reeleição, para a entrada da sua filha Camila, na política.
Durante esse mandato na Assembleia, Toscano voltou à ser Primeira-Dama de Guarabira, com o retorno do esposo, Zenóbio, ao cargo.
Zenóbio se reelegeu em 2016, mas não conseguiu concluir o mandato, pois infelizmente faleceu em 14 de junho de 2020, aos 74 anos, após sofrer um AVC, enquanto se recuperava da COVID-19.
Após a morte de Toscano quem assumiu o cargo foi o seu Vice, Marcos Diogo, que se elegeu Prefeito no pleito de 2020. Como Diogo não poderia se reeleger nas últimas eleições, o nome de Léa, que não disputava um pleito havia mais de uma década, foi levantado e a ex-Prefeita decidiu retornar às disputas.
Em um embate contra Raniery Paulino, Toscano vence a eleição com pouco mais de 52% dos votos, assumindo a cadeira de Prefeita com 74 anos.
Fátima Bezerra Cavalcanti
Filha do então Deputado Estadual Waldir Bezerra, a então jovem estudante de direito Fátima se apaixonou pelo Deputado Federal José Maranhão.
Enquanto Maranhão continuou na política, se tornando Vice-Governador, Governador e Senador, a sua esposa focou sua vida e estudos para o direito.
Após trabalhar como advogada, Fátima se tornou Juíza da comarca de Pilões em 1984. Após passagens pelas comarcas de Rio Tinto, Bayeux e Campina Grande, Bezerra passou pela Vara de Conflitos Agrários e a Corregedoria-Geral, até se tornar Desembargadora do TJPB em 2002.
O ex-Governador que tinha disputado sua última eleição em 2018, se manteve ativo na campanha de 2020, apoiando os candidatos do MDB por toda a Paraíba. Maranhão acabou contraindo a COVID-19, sendo internado no dia do segundo turno daquelas eleições.
Após ser transferido para São Paulo em 3 de dezembro de 2020, a saúde de Maranhão passou por altos e baixos, mas infelizmente o ex-Governador não resistiu, falecendo aos 87 anos, em 8 de fevereiro de 2021.
A morte do esposo, serviu como força pra que Fátima escrevesse um livro chamado “O Voo do Amor”, lançado em 2023, que contava histórias do amor entre os dois, com o título fazendo referência a aviação, um outro grande amor da vida de Maranhão.
Fátima continua ativa na Justiça, tendo sido mais recentemente Presidente do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB), cargo o qual ocupou até março de 2024.
Eva Gouveia
O currículo de Rômulo Gouveia, fala por si mesmo. Vereador de Campina Grande por dois mandatos, Deputado Estadual e Federal por outros dois e Vice-Governador entre 2011 e 2014, Gouveia sempre foi muito respeitado no meio político.
No mesmo ano em que se elegeu Vice-Governador, sua esposa Eva, disputou sua primeira eleição, se tornando Deputada Estadual com pouco mais de 27 mil votos.
Eva não conseguiu se reeleger em 2014, mas Rômulo retornou a Câmara Federal, naquele que foi seu último mandato.
Gouveia faleceu em 13 de maio de 2018, aos 53 anos, vitimado por um infarto enquanto dormia.
Meses após a morte de Rômulo, Eva disputou a eleição de 2018, como primeira suplente da chapa de Cássio Cunha Lima ao Senado, que acabou ficando na quarta colocação.
Após essa derrota, Gouveia se elegeu Vereadora de Campina Grande em 2020, se reelegendo nas últimas eleições.
Edna Henrique
As carreiras políticas do casal João e Edna Henrique começaram praticamente juntas. Após João não conseguir ser Prefeito de Monteiro em 2004, mas se eleger Deputado Estadual dois anos depois, Edna estreou em eleições no ano de 2008, se tornando Prefeita de Monteiro ao derrotar a então Prefeita, Doutora Lourdinha.
Os dois continuaram num bom rito de vitórias, com Edna se reelegendo Prefeita e sendo eleita Deputada Federal em 2018, enquanto João conseguiu mais três mandatos na Assembleia.
Como forma de sucessão da família, a filha do casal, Micheila, foi alçada a candidata de oposição na disputa de Monteiro em 2020. Micheila acabou sendo derrotada pela então Prefeita e logo após o fim da campanha, João, Edna e Micheila anunciaram que tinham contraído a COVID-19.
Edna e Micheila se recuperaram, mas o quadro de João que tinha diabetes, se agravou e o Deputado teve que ser transferido para São Paulo em dezembro de 2020.
Mesmo com toda luta e aparato médico, João não resistiu e faleceu aos 78 anos, em 12 de janeiro de 2021.
Após a sua morte, a Deputada Edna Henrique decidiu não buscar a reeleição em 2022, mas seu filho Michel, foi eleito Deputado Estadual com quase 47 mil votos.
Edna retornou a política nas últimas eleições, sendo derrotada na disputa pela Prefeitura de Monteiro.
Austryanee Jerônimo
O começo da dominância dos Azevedos na cidade de Baraúna foi nas eleições de 1996, quando Adilson Azevedo foi eleito Vice-Prefeito na chapa encabeçada por Severino Gomes. Após a cassação de Severino em 1998, Adilson assumiu os dois últimos anos de mandato e foi eleito Prefeito em 2000, com quase 80% dos votos.
A família volta ao poder na cidade quando Alyson Azevedo, filho de Adilson, vence a Prefeita Fátima no pleito de 2008. Reeleito quatro anos depois com quase 75% dos votos, Alyson decide colocar Manassés Dantas como seu sucessor. Dantas derrota Josenildo da Farmácia em 2016, solidificando a força do grupo.
Mas uma tragédia abalou a cidade e os rumos da política de Baraúna em 2018. No dia 13 de novembro, Alyson na época com 37 anos, foi chamado por populares que avistaram muita fumaça saindo da residência do ex-Prefeito Adilson.
Após tentar chamar o pai por repetidas vezes, Alyson decidiu arrombar a porta, mas infelizmente foi surpreendido pelo pai que se acordou com o barulho e atirou no filho, ao acreditar que um ladrão estava entrando na casa. O ex-Prefeito ainda foi socorrido, mas infelizmente faleceu no Hospital de Picuí.
Após o luto que abalou a cidade, o Prefeito se reelegeu em 2020, mais uma vez derrotando Josenildo da Farmácia. Para a sua sucessão, a escolhida foi a viúva do ex-Prefeito Alyson.
A ex-primeira-dama Austryanee Jerônimo nunca havia disputado uma eleição mas se elegeu com quase 74% dos votos, se tornando apenas a segunda Prefeita de Baraúna.
Nena Diniz
Maria Nilda Virgulino da Costa Diniz, mais conhecida pelo apelido de Nena. foi Primeira-Dama de Conceição entre 1993 e 1996.
Após o término do mandato do marido, Nena se colocou como candidata à Vice na chapa encabeçada por Alexandre Braga que venceu o pleito de 2004.
Após romper com o Prefeito e não vencer o pleito de 2008 ao lado de Nilson Lacerda, a dupla retorna em 2012 e Diniz mais uma vez é eleita Vice-Prefeita. Reeleitos em 2016, o grupo rompe e a filha de Nena, Jourdanna disputa o pleito de 2020 como candidata à Prefeita, sendo derrotada por Samuel Diniz, sobrinho do Prefeito Nilson.
Mas uma tragédia acabou abalando a família Diniz, quando o ex-Prefeito João Deon faleceu aos 61 anos, em 19 de julho de 2024, ao sofrer um infarto na Praça dos Três Poderes, no Centro da Capital.
Antes da morte de Deon já se ventilava a possibilidade de Nena ser colocada como companheira de chapa do Prefeito Samuel, mas após a morte do ex-Prefeito se pensava que Diniz poderia desistir da eleição.
Mas a ex-Primeira-Dama decidiu continuar no pleito, sendo eleita Vice-Prefeita pela terceira vez.
Tatiana Matias
Filho do ex-Juiz e ex-Vice Prefeito Dr. Genvial e irmão do ex-Prefeito Bevilacqua Matias, Genival Matias disputou sua primeira eleição em 2010, quando ficou na suplência por uma das vagas para a Assembleia.
Quatro anos depois consegue se eleger ao atingir pouco mais de 15 mil votos, se reelegendo em 2018.
Mas o Deputado Estadual não conseguiu concluir o segundo mandato, ao falecer em 19 de julho de 2020, aos 53 anos, após sofrer um mal súbito enquanto andava em uma moto aquática em Pernambuco.
Pouco após a sua morte, a sua filha, Anna Virgínia, foi eleita Prefeita de Juazeirinho, sendo reeleita nas últimas eleições.
Já a sua viúva Tatiana, tentou ser Vereadora de João Pessoa nas últimas eleições, filiada ao PDT, mas não se elegeu ao obter apenas 107 votos.
Dalva Lucena
Edvardo Herculano de Lima foi um dos principais políticos da história de Lagoa Seca. Prefeito pela primeira vez entre 1989 e 1992, Edvardo foi Vice-Prefeito no final dos anos 90 e Prefeito por mais duas legislaturas entre 2005 e 2012.
Para a sua sucessão em 2012, o Prefeito decidiu apoiar o Vereador Fábio Ramalho, que perdeu uma disputa apertada contra o empresário José Tadeu Sales.
Quatro anos depois o mesmo Fábio voltou, desta vez tendo a esposa de Edvardo, Dalva Lucena, como sua companheira de chapa.
A união surtiu o efeito desejado e Ramalho foi eleito com quase 70% dos votos. Reeleito em 2020, com mais de 83% dos votos, o Prefeito decidiu renunciar ao cargo em abril de 2022, com o intuito de disputar uma das 36 vagas para à Assembleia.
A eleição de Fábio com mais de 48 mil votos, dava a Dalva o favoritismo para a sua primeira disputa como cabeça de uma chapa majoritária.
Mas em março de 2024, a Prefeita decidiu desistir da reeleição, alegando a saúde debilitada do ex-Prefeito Edvardo como principal motivo.
O grupo de Dalva e Fábio indicou a Secretária de Assistência Social, Michelle Ribeiro, como candidata da situação, sendo eleita com pouco mais de 60% dos votos.
A Prefeita Michelle não deixou à ex-Prefeita de fora do seu Governo, denominando Lucena, Presidente do Instituto de Previdência de Lagoa Seca (IPSER).
Mas infelizmente a saúde de Edvardo piorou e o ex-Prefeito faleceu aos 72 anos, em 3 de fevereiro de 2025, por complicações decorrentes da diabetes e de um quadro pós-COVID-19.
A ex-Prefeita não deixou o cargo após a morte do marido e se mantém ativa na cidade de Lagoa Seca.
Fonte: Polêmica Paraiba
Créditos: Polêmica Paraíba