Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: As ruas de pedra no Centro de João Pessoa - Por Sérgio Botelho

Quem gosta de caminhar pelas ruas do Centro Histórico de João Pessoa certamente já percebeu que grande parte da pavimentação em pedras reapareceu

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: As ruas de pedra no Centro de João Pessoa - Por Sérgio Botelho

Quem gosta de caminhar pelas ruas do Centro Histórico de João Pessoa certamente já percebeu que grande parte da pavimentação em pedras reapareceu com o derretimento do asfalto.

Cito como exemplos a Duque de Caxias, a General Osório, a Ladeira Feliciano Coelho, a Ladeira da Borborema e a Rua da Areia, embora haja mais. Para a história da cidade, e mesmo para a comodidade urbana, isso não parece mau.

Não se trata só de nostalgia ou de um desejo de resgatar a estética antiga da cidade, mas também de uma discussão sobre funcionalidade, sustentabilidade e adaptação às mudanças climáticas. No Brasil, o recobrimento das ruas de pedra com asfalto foi feito sob a premência estabelecida em favor da modernização e da mobilidade veicular, que também fez desaparecer os bondes e os seus trilhos.

Obedecia à lógica do surgimento de veículos cada vez mais velozes e pesados, onde o asfalto leva vantagem em função da sua capacidade de permitir melhor aderência dos pneus e melhor rolamento, aliado a uma aplicação que implica em menos tempo e mais paciência e arte na execução.

Contudo, as pedras, sejam irregulares ou paralelepípedos, oferecem vantagens concretas, segundo especialistas: drenam melhor a água da chuva; reduzem a absorção de calor; e são mais duráveis do que o asfalto, que se desgasta rapidamente com o tráfego e as variações climáticas.

O derretimento do asfalto na cidade claramente revela uma falha estrutural desse material diante das temperaturas elevadas e do excesso de água. Assim, há um argumento forte para que o recapeamento não seja feito indiscriminadamente, permitindo que as pedras reassumam sua função original.

Algumas cidades históricas no Brasil estão discutindo o tema, valorizando a pavimentação histórica não apenas como um patrimônio visual, mas como um elemento prático e eficiente.

João Pessoa poderia seguir essa tendência, não somente para preservar sua forte identidade histórica, mas para assegurar uma infraestrutura urbana mais sustentável.

A foto é da esquina da Rua General Osório (paralelepípedos) com a Ladeira Feliciano Coelho (pedras mais irregulares).

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba

Sérgio Botelho

Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.