PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: A Fazenda Acauã - Por Sérgio Botelho

Do Sertão, onde se encontra em viagem de desopilação, justamente às terras de onde procede, o professor aposentado de Filosofia da UFPB, Severino Dutra, aproveita para mandar fotos da bela, histórica e bucólica Fazenda Acauã, no município de Aparecida, antigo distrito de Souza.

“Te cala acauã, que é pra chuva voltar cedo”, apelava o velho Luiz Gonzaga na canção “Acauã”, sobre o pássaro que dá nome à propriedade, tido, nas plagas sertanejas, como agourento e chamador de seca. A fazenda é devidamente tombada desde 27/04/1967, no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que explica, em verbete do site ipatrimônio, que a casa e a capela, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, datam de 1760, e o sobrado do início do século XIX.

Foi inicialmente propriedade do Coronel José Gomes de Sá, e, em 1817, do Padre Luiz José Correia de Sá, descendente do proprietário original. Também conhecido como “Luiz da Acauã”, o clérigo participou da Revolução de 1817, que pretendia separar o Brasil de Portugal, derrubar a Monarquia, e instaurar a República, mas que foi sufocada pelo Reino, resultando em inúmeras execuções.

Sete anos depois, consta que abrigou o Frei Caneca, na condição de prisioneiro do Império, em deslocamento para o Recife, onde seria fuzilado em 13 de janeiro de 1825, por sua participação em nova revolta, de caráter republicano, a Confederação do Equador, outra vez com epicentro na capital pernambucana.

Na segunda metade da década de 1920, a Fazenda Acauã pertenceu ao presidente da Paraíba, entre 1924 e 1928, João Suassuna, ganhando assim dimensão afetiva no estado por ter sido residência de parte da primeira infância do escritor e teatrólogo Ariano Suassuna.