Volto ao assunto Praça do Trabalho, popularmente conhecida como Praça da Pedra, para novos detalhes sobre justamente a pedra que adorna o local.
Por meio de fotos e documentos, que me foram remetidos pelo escritor Severino Ramalho Leite, presidente da Academia Paraibana de Letras, a quem agradeço, fica afirmada a construção da praça pela prefeitura e operários (naturalmente).
A pedra, segundo revela o material, veio da região de Borborema, nas proximidades de Bananeiras, de trem até a capital. Da estação do Varadouro até o local, a enorme pedra, pesando cerca de 20 toneladas, foi transportada com a força de mais de 1.000 “homens”, até ser assentada na praça.
A ideia, enfim oficializada em 21 de julho de 1931, foi a de denominar o referido passeio como Praça do Trabalho, e, a um só tempo, indicar o apoio dos trabalhadores à memória do líder morto bem perto de um ano antes, em Recife, com a cidade ainda em luto fechado.
O resultado é que a pedra (onde está inscrita não a denominação oficial da praça, mas a “homenagem da classe operária ao presidente João Pessoa”, conforme se vê no detalhe de uma das imagens) acabou historicamente roubando a motivação original, e, até hoje, predomina no imaginário coletivo da cidade a denominação Praça da Pedra.
O período de maior importância cívica da Praça do Trabalho ocorreu efetivamente no período getulista, marcado por um projeto de conciliação entre capital e trabalho, mediado pelo Estado.
Dessa forma, a nossa Praça do Trabalho serviu como local de concentração das organizações operárias, a maioria de perfil beneficente (especificado nos próprios nomes oficiais delas: “sociedade beneficente dos operários nisso e naquilo…”), em manifestações de não disfarçada inspiração governamental.
O fim do período getulista e a contínua perda de relevância do Varadouro findaram reduzindo o sucesso mais político da praça. Quem sabe, por não ter contado, de fato, com a adesão da massa, nesse sentido, o nome oficial nunca pegou. O ornamento impôs a denominação.
Nas imagens, a praça (originalmente), manuscrito descritivo da história da pedra, e a inscrição na pedra.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.