A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), mesmo não tendo comparecido ao jantar promovido em homenagem ao deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) por líderes políticos em São Paulo, anteontem, garantiu que o Partido dos Trabalhadores está “fechado” no apoio ao parlamentar para a presidência da Câmara Federal, o que é confirmado por outras figuras importantes da legenda.
Gleisi foi uma das poucas dirigentes de partidos relevantes da amplia aliança que apoia Hugo Motta a faltar ao jantar, como notou a colunista Raquel Landim, do UOL, mas também não compareceram Carlos Siqueira, do PSB, e Marconi Perillo, do PSDB.
Gleisi Hoffmann explicou que não pôde viajar a São Paulo por “questões pessoais” e que permaneceu em Brasília, tendo enviado em seu lugar o líder do PT na Câmara, Odair Cunha (PT-MG). Também participaram outros deputados petistas da bancada paulista como Arlindo Chinaglia e Carlos Zaratini.
A ausência no evento poupou a presidente do PT do constrangimento de dividir espaço com figuras muito próximas do bolsonarismo, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o prefeito da capital, Ricardo Nunes, Valdemar Costa Neto, do PL, e Ciro Nogueira, do PP. O atual presidente da Câmara, Arthur Lira, apoiador principal de Hugo Motta, também participou do jantar.
Como segunda maior bancada da Câmara, o PT vai indicar como primeiro-secretário o deputado Carlos Veras, de Pernambuco, na eleição prevista para sábado, primeiro de fevereiro. O PL de Bolsonaro indicará Altineu Cortes como primeiro vice-presidente.
Mais à esquerda, o PSOL é contra a eleição de Hugo Motta e lançou, inclusive, um candidato simbólico para enfrentá-lo na disputa, apesar de não haver chances dado o amplo favoritismo do representante. Uma fonte próxima à direção do PT informou à colunista Raquel Landim que Motta é um deputado “de fácil trato” e que não havia possibilidade de vencê-lo, por dispor de votos expressivos de diferentes partidos ali representados.
Também explicou que sua eleição é uma opção melhor do que, por exemplo, o deputado Elmar Nascimento, do União Brasil da Bahia, que, inicialmente, tinha o apoio de Arthur Lira mas que acabou desistindo do páreo. Além dele, desistiu o deputado Antônio Brito, do PSD-BA, que havia sido lançado por Gilberto Kassab, presidente nacional da legenda. Kassab esteve no jantar em homenagem a Hugo Motta em São Paulo.
Nas últimas horas, o deputado Marcel van Hattem, do Novo-RS, oficializou sua candidatura à presidência da Câmara e partiu para angariar o apoio de deputados dissidentes de bancadas que já declararam apoio a Hugo Motta. A motivação de Van Hattem é a incerteza quanto à disposição do candidato apoiado por Arthur Lira em tramitar pautas de interesse da oposição.
Van Hattem já recebeu o apoio velado de congressistas aliados de Bolsonaro e anunciou sua candidatura como “opção para a oposição”, com promessas de pautar temas como a reforma administrativa e o PL da anistia. Esse último, central para a base contrária ao governo, foi a condição para que o PL embarcasse na candidatura de Hugo Motta.
O ex-presidente Bolsonaro manteve o endosso ao nome escolhido por Lira, afirmando que falou pessoalmente com Motta a respeito do perdão aos presos que depredaram sedes dos Três Poderes em Brasília.
O ex-presidente entende que a estratégia de lançar um candidato próprio, como se deu com Rogério Marinho (PL-RN) ao Senado em 2023, arrisca deixar o PL de fora das negociações da Mesa Diretora e sem o controle da agenda do Congresso, mesmo com a maior bancada (93 deputados).
Marcel van Hattem, no lançamento da candidatura, foi enfático: “Não há clareza sobre quais propostas da oposição serão de fato implementadas por Hugo Motta, se for eleito. E quando alguém tem o apoio do PT eu tenho automaticamente o pé atrás”.
Motta tem o apoio declarado de 18 partidos, em uma articulação de Lira que uniu do PT do presidente Lula ao PL de Bolsonaro, mas, como o voto é secreto e individual, o apoio das siglas não garante adesão automática. São necessários 257 votos para ser eleito no primeiro turno.
Fonte: Nonato Guedes
Créditos: Polêmica Paraíba