O reajuste do preço do leite de cabra anunciado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome provocou uma onda de insatisfação entre produtores e lideranças políticas na Paraíba. Apesar de ser o maior produtor nacional do produto, o estado ficou em último lugar no índice de reajustes do Nordeste, com o litro do leite passando de R$ 2,70 para apenas R$ 3,33, enquanto outros estados atingiram valores superiores a R$ 5,00.
A medida foi amplamente criticada por lideranças políticas locais, que consideraram o reajuste insuficiente e injusto. O deputado estadual, Tovar Correia Lima (PSDB) fez um apelo à bancada federal paraibana, destacando a necessidade de uma revisão nos valores.
“Esse reajuste é um desrespeito com o trabalho dos nossos produtores. A Paraíba, que é líder na produção de leite de cabra, não pode ser penalizada com o menor valor da região. É essencial que os valores sejam equiparados aos de estados vizinhos”, afirmou o parlamentar.
Senador Efraim Filho critica tratamento desigual
O senador Efraim Filho (União Brasil-PB) também se manifestou contra a nova resolução do Ministério, classificando-a como um desrespeito ao estado. “A Paraíba é líder nacional na produção de leite de cabra, e esse reajuste injusto penaliza nossos pequenos produtores e enfraquece uma cadeia produtiva essencial para a economia local e o combate à fome. Essa diferença nos valores é inaceitável e precisa ser questionada”, declarou.
Efraim ressaltou ainda a importância do leite de cabra na economia regional e nos programas sociais. “Esse alimento é reconhecido por seu alto valor nutritivo, sendo amplamente utilizado em programas como a merenda escolar e o Programa do Leite, especialmente na região do Cariri, maior polo produtor do estado. O impacto desse reajuste é direto na vida de milhares de famílias de pequenos agricultores que dependem dessa produção para sobreviver”, pontuou.
Prefeito do Cariri também reage
O prefeito de São José dos Cordeiros, Felício Queiroz, destacou os prejuízos que a medida pode trazer para os pequenos produtores da região do Cariri, maior produtora de leite de cabra do Brasil. Ele afirmou que irá buscar apoio do senador Veneziano Vital para reverter a decisão.
“O leite de cabra é a base de renda para muitos agricultores e um patrimônio do Cariri e de toda a Paraíba. Não podemos aceitar que o maior produtor nacional seja tratado de forma desigual. É preciso garantir condições justas para quem sustenta essa cadeia produtiva e contribui com a segurança alimentar das famílias mais carentes”, afirmou.
Diferenças regionais no reajuste
Na nova tabela do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), a Paraíba ficou com o menor reajuste em comparação aos demais estados do Nordeste. Pernambuco liderou o ranking, com o preço do litro chegando a R$ 5,23, seguido pela Bahia (R$ 5,21) e Ceará (R$ 5,08). Até o Rio Grande do Norte, com um valor de R$ 4,94, superou a Paraíba.
Os pequenos agricultores, principais responsáveis pela produção de leite de cabra na Paraíba, afirmam que o reajuste não cobre os custos de produção e ameaça a sustentabilidade do setor. O governo estadual, que já teve de arcar com o programa por seis meses devido à falta de repasses do governo federal anterior, continua investindo no setor, mas enfrenta desafios para garantir a competitividade do estado.
A Paraíba utiliza o leite de cabra em diversas iniciativas além do Programa do Leite, como na merenda escolar de vários municípios, valorizando a produção local e promovendo uma alimentação mais nutritiva para os estudantes.
A expectativa é que a bancada federal da Paraíba pressione o Governo Federal por mudanças na resolução e uma revisão no valor do reajuste. Enquanto isso, os produtores e lideranças continuam mobilizados, destacando a importância do setor para a economia local e a necessidade de maior valorização do trabalho realizado no estado.
“Essa luta não é apenas por números. É pela dignidade dos nossos agricultores e pelo reconhecimento de uma produção que transforma vidas em nosso estado”, concluiu Neto Nepomuceno, ex-prefeito de Barra de Santa Rosa e defensor do setor rural no Curimataú paraibano.