Pode até ser que exista alguma celebração dedicada ao Dia de Reis em João Pessoa atualmente, mas, se há, não conheço nenhuma de grande apelo.
Antigamente, porém, pelo menos até a década de 1950, bairros, praias e clubes da cidade, além de localidades como Bayeux, Santa Rita e Cabedelo, promoviam concorridas festividades em homenagem ao dia 6 de janeiro.
A Festa de Reis marca o encerramento do ciclo natalino em diversas culturas cristãs, celebrando a visita dos Três Reis Magos — Melquior, Gaspar e Baltazar — ao Menino Jesus. Os presentes que trouxeram, ouro, incenso e mirra, simbolizam, respectivamente, a realeza, a divindade e a humanidade de Cristo.
A celebração tem origem na tradição católica e no relato bíblico do Evangelho de Mateus, simbolizando a manifestação de Jesus como Salvador reconhecido por seus seguidores. Uma das mais tradicionais festas de Reis em João Pessoa acontecia no Largo de São Frei Pedro Gonçalves, palco também de outras manifestações religiosas, como a dedicada a Nossa Senhora da Conceição, em dezembro.
Na Torrelândia, os barracões armados desde o final do ano permaneciam até os festejos de Reis. No Rogers, outro tradicional local de celebrações, um pavilhão herdado das festas de fim de ano reunia a comunidade. Torre e Rogers, aliás, eram reconhecidos por suas festas populares marcadas pelo folclore. Veranistas de Tambaú e da Praia do Poço também organizavam celebrações que atraíam principalmente os jovens.
No Varadouro, a Rua Visconde de Itaparica abrigava animadas Festas de Reis, além daquele tradicional ponto de desfiles de carnaval sobre o qual falei nesses dias. Outras localidades, como Cordão Encarnado e Cruz das Armas, participavam ativamente dos festejos. No Clube Astrea, a data, bastante tradicional, era celebrada com a homenagem aos Três Reis Magos e com o primeiro grito de carnaval do ano.
Todas essas tradições, que emolduravam a cultura e a história da cidade, acabaram com o tempo, restando apenas as memórias de um passado repleto de celebrações e significados.
E assim, as Festas de Reis na Parahyba transformaram-se em histórias que carregamos, contadas com saudade e admiração.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.