Uma das páginas de maior glória da música paraibana foi escrita pela orquestra nascida sob o nome de “Jazz Orchestra Tabajaras”, na grafia da época, o que revela já uma clara inspiração da música negra norte-americana, de sucesso internacional, naquele momento.
Os fundadores do referido corpo musical foram o holandês e saxofonista Oliver Von Sohsten, principal financiador, sobre o qual já falamos nesses dias, e o violinista e maestro Olegário de Luna Freire, cuja parceria havia se iniciado com a orquestra Batutas de Jaguaribe, precursora da Tabajaras.
A vocação jazzista da orquestra está clara em foto de 1934, com o nome original, provavelmente no primeiro andar do Clube dos Diários (onde se vê Olegário e seu violino, de pé, além de Oliver e seu saxofone, sentado, como último à esquerda), reproduzida neste post.
Dois anos depois a denominação continuava a mesma, conforme se verifica em nota do A União, edição de 22 de fevereiro de 1936, informando sobre “o mais franco sucesso obtido pela magnífica audição pública efetuada ontem, no palco do cine-teatro Rex, pelo aplaudido conjunto musical Jazz-Orquestra Tabarajas, dirigida pelos maestros Olegário de Luna Freire e Oliver Von Sohsten, e composto de exímios musicistas conterrâneos”.
Dois acontecimentos posteriores a essa audição no Rex mudariam completamente o rumo da orquestra: o primeiro foi a entrada, em 1937, do músico Severino Araújo, inicialmente como saxofonista, mas que se firmou como clarinetista, no qual se especializara; o segundo, a morte repentina de Olegário de Luna Freire, em 1938, quando então Araújo assumiu o comando.
Foi Severino Araújo o responsável por arranjos de sucesso usados por artistas nacionais de renome, que se apresentavam em João Pessoa, granjeando prestígio no Rio de Janeiro.
Não deu outra: a Orquestra Tabajara e o maestro Severino Araújo foram parar na capital federal, se constituindo numa das mais famosas da história musical brasileira, fama que ultrapassou as fronteiras do pais.
A excelente foto, em circulação nas redes, é creditada ao Acervo Dalmo Medeiros, provavelmente um dos históricos vocalistas do MPB4, que pode ter ascendência paraibana.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.