Em 1625, na primeira estadia de tropas holandesas na Paraíba, exatamente na Baía da Traição, os invasores fizeram boa colheita em termos de futuros aliados.
Entre os líderes que atenderam ao chamamento batavo, além de Pedro Poty, tem destaque Antônio Paraopaba. Quando as tropas dos Países Baixos se retiraram, os dois foram com eles rumo à Europa, onde residiram por seis anos, aprendendo a ler e a escrever, além de serem convertidos ao calvinismo.
Em 1631, quando voltaram ao Brasil, Paraopaba migrou com centenas de índios para o interior do Ceará, onde passaram a constituir aldeia. Paraopaba se tornou uma das principais lideranças indígenas do lado neerlandês, virando forte propagandista da reforma protestante entre os indígenas.
Frente às ações escravocratas, desapropriação de terras e castigos punitivos praticados pelos lusitanos, a doutrinação calvinista ganhou escala junto aos potiguaras, facilitada pelo domínio holandês naquele período, quando Paraopaba se transformou num privilegiado intermediário entre os holandeses e os potiguaras, já que dominava ambas as línguas.
Nesse contexto, foi nomeado pelos holandeses como Regedor da Nação Brasiliana no Rio Grande do Norte, somando, em vida, três viagens para a Holanda. (A partir de 1641, três foram os regentes brasilianos: Paraopaba, no Rio Grande do Norte; Pedro Poty, na Paraíba, e Domingo Carapeba, em Itamaracá e Goiana).
Com a rendição dos holandeses, em 1654, Paraopaba seguiu para a Holanda, onde pugnou pelo retorno dos batavos ao Brasil. Nesse sentido, chegou a falar no parlamento holandês, sem sucesso, no entanto, já que não havia mais interesse dos Países Baixos com relação ao Brasil. Afinal, estavam satisfeitos com a produção do açúcar nas Antilhas e acordos feitos com os portugueses.
Na defesa que empreendia pelo retorno dos neerlandeses, Paraopaba usava um bom espaço para lembrar as boas relações entre eles (os holandeses) e as tribos de Baía da Traição.
O líder indígena brasileiro faleceu na Holanda, deixando, naquele país, viúva e filhos, com direito a pensão concedida pelo governo holandês. Tem muita história do Brasil ainda guardada em arquivos europeus.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba