O Hotel Tambaú, hoje inativo enquanto tal, um dos cartões postais mais divulgados de João Pessoa, foi inaugurado em 1971, já no governo Ernani Sátyro, pouco tempo depois do término do governo João Agripino, que o construiu. A obra era enxergada como tão importante politicamente que foram afixadas placas referenciando os dois governantes.
Projetado pelo arquiteto modernista Sérgio Bernardes, sua construção na areia da Praia de Tambaú foi uma obra ousada para a época, unindo design inovador e localização privilegiada. O projeto, que visava impulsionar o turismo na cidade, efetivamente colocou João Pessoa no mapa do turismo nacional e internacional.
O formato circular do prédio, que parece emergir do mar, lhe conferiu um caráter singular, transformando-o em um símbolo da arquitetura moderna. A construção enfrentou desafios técnicos, especialmente por estar situada sobre a areia, o que exigiu soluções de engenharia inovadoras. Na época, havia menos restrições ambientais e urbanísticas, o que possibilitou a edificação de um empreendimento dessa magnitude em área tão sensível.
Hoje, uma construção como a do Hotel Tambaú enfrentaria dificuldades significativas. As legislações ambientais e urbanísticas atuais são muito mais rigorosas, especialmente em áreas de preservação permanente, como faixas de areia de praias. A legislação brasileira, atualmente, protege essas áreas devido à sua importância ecológica, incluindo a preservação de dunas, manguezais e ecossistemas costeiros. Além disso, a conscientização sobre os impactos ambientais cresceu substancialmente.
Projetos que possam alterar a dinâmica natural das praias ou ameaçar a biodiversidade enfrentam forte resistência de ambientalistas e da sociedade civil. O custo de mitigar esses impactos, aliado à necessidade de atender às exigências legais, tornaria um projeto como o Hotel Tambaú economicamente inviável ou extremamente difícil de licenciar. Portanto, a edificação, além de ser um ícone arquitetônico, é também retrato de uma época em que o quesito econômico tinha total prioridade sobre preocupações ambientais. Hoje, isso é menos fácil!
Sergio Mario Botelho de Araujo Paraibano, nascido em João Pessoa em 20 de fevereiro de 1950, residindo em Brasília. Já trabalhou nos jornais O Norte, A União e Correio da Paraíba, rádios CBN-João Pessoa, FM O Norte e Tabajara, e TV Correio da Paraíba. Foi assessor de Comunicação na Câmara dos Deputados e Senado Federal.