A pesquisa memorial faz a gente se deparar com informações não imaginadas. É o que me aconteceu, ontem, ao ler a edição de 27 de novembro de 1940, do A União, envolvendo a hoje denominada Igreja Nossa Senhora de Lourdes (aproveito para corrigir um erro que cometi ao abordar a história do referido templo, alertado que fui pela diligente e atenta arquiteta Piedade Farias, do Iphaep, ao me alertar de que o nome da Confraria que cuidava da igreja, apenas denominada Bom Jesus, era do Senhor dos Martírios, e não dos Mártires, conforme o autor dessas crônicas diárias havia dito).
Pois bem, retificação feita, vamos ao assunto de hoje. Na referida edição do jornal, em meio a um relatório patrimonial do estado, o diretor do Patrimônio, Oscar Soares, dá conta de pesquisa feita pelo historiador Irineu Pinto, no governo João Machado, revelando a existência de um ofício em que “S. Majestade Imperial concedeu à Confraria dos Martírios o uso e a administração da capela, hoje conhecida pelo nome de Bom Jesus, no arrabalde das Trincheiras desta capital (…) sem prejuízo porém da propriedade Nacional e Imperial Padroado que deverão ser conservados”.
O ofício citado era de 13 de março de 1829. Portanto, a data em que a Confraria passou a administrar a capela hoje Igreja Nossa Senhora de Lourdes. Mas a novidade não para aí. A informação de Irineu Pinto tinha a intenção de mostrar ao governo estadual que a Capela de Bom Jesus era propriedade do Estado ou da Nação.
É que o ex-presidente João Machado, responsável pela abertura da avenida que hoje tem o seu nome, segundo Irineu, pretendia construir no local o Palácio do Governo, no entusiasmo da nova e bela via, construída ao estilo de um boulevard. Então, o intuito do pesquisador foi o de mostrar que aquela propriedade pertencia, já, ao poder público.
Como se sabe, não foi derrubado um tijolo da igreja localizada nas Trincheiras, nem muito menos assentado qualquer outro que significasse o início da construção do Palácio. Mas foi cogitado.
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba