Pelo Ibope, candidatura Eduardo Campos não se mantém
Pedro do Coutto
A pesquisa do IBOPE sobre a sucessão presidencial de 2014, objeto de reportagem de Gustavo Uribe, O Globo de sexta-feira, em matéria de intenções de hoje, confirma totalmente as tendências assinaladas pelo levantamento do Datafolha apontando vitória da atual presidente contra qualquer um dos adversários no segundo turno por margem muito ampla de votos. A diferença diminui apenas contra Marina Silva, quando Dilma alcança 42 a 29%. Bateria Aécio Neves por 47 a 9 pontos. Eduardo campos por 45 a 18. José Serra por 44% a 23. Sem Marina, Dilma vence no primeiro turno.
O que o IBOPE revela é que, no PSB, Marina Silva está muito mais forte do que Eduardo Campos. E no PSDB, José Serra situa-se à frente do senador mineiro. O ex-governador de São Paulo alcança 18 contra 14 de Aécio. Marina Silva atinge 21 contra apenas 10 pontos de Eduardo campos. Mais do que o dobro do governador de Pernambuco. Este cotejo deixa Eduardo Campos muito mal no levantamento. Com esses números, dificilmente Campos poderá sair candidato pelo PSB. Terá que liberar o partido para escolher Marina Silva.
Mesmo porque s for ele o escolhido, pois ocupa a presidência nacional da legenda, percebe-se, pela atmosfera de hoje, que Marina Silva lhe retirará o apoio e o deixará falando sozinho para a corrente minoritária da agremiação. Assim, a dependência de Eduardo Campos a Marina Silva, que já era grande antes, passou a ser total depois do IBOPE. Não há, em termos políticos, como pensar o contrário. Em política não se pode brigar com os fatos, tampouco esperar movimentos que forcem a realidade natural das situações. A lógica se impõe.
No caso do PSDB raciocínio semelhante pode se aplicar em relação a José Serra: ele está na frente de Aécio – 18 contra 14 pontos. Seu nome como candidato mais uma vez ao Planalto sai revigorado na disputa interna com Aécio Neves. Porém a diferença entre ambos é muito menor que a diferença de marina em relação a Eduardo campos. Entretanto, da mesma forma que, sem Marina, Campos nem sequer decola, tal é seu grau de dependência, no lado tucano sem o apoio de Serra, Aécio não avança. E sem a adesão do senador mineiro, o ex-governador paulista nãopode evoluir na estrada das urnas. O panorama geral, como se constata, é amplamente favorável à reeleição de Dilma Rousseff. Ela não só lidera as pesquisas do IBOPE e datafolha, como ainda tem a seu favor as divisões entre seus adversários.
O Globo de sexta-feira, reportagem de Juliana Castro e Paulo Celso Pereira, publica as divisões entre PT e PMDB em torno das sucessões estaduais, onde se localizam 68% do eleitorado do país. São dez unidades da Federação, incluindo os seis maiores colégios de votos: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná. Mas isso não significa que tais divisões reflitam diretamente nas intenções de voto para a presidência da República. Pois se refletissem, os resultados da pesquisa do IBOPE seriam muito diversos daqueles que foram agora assinalados.
Assim, os choques das correntes estaduais parecem formar a base de uma pirâmide levando ao topo federal. Mas não afetam as tendências dos votos para o plano alto do Planalto.