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Ganhou o Prêmio Pinóquio

Carlos Chagas

O Prêmio Pinóquio da semana vai para o presidente Barack Obama. Aliás, da semana só, não. Do ano. Porque não dá para aceitar sem protestar as negativas do presidente dos Estados Unidos sobre estar o seu país espionando a França, a Alemanha e a Itália. Esses três países, por denúncia da imprensa europeia, apenas agora entraram no rol das vítimas da bisbilhotagem, mas é claro que como muitos outros, inclusive o Brasil, há anos tinham tido seus principais governantes atingidos em sua intimidade.

A espionagem americana vem de muito tempo, mas aperfeiçoou-se com o avanço da tecnologia eletrônica. Não há um telefone, um e-mail, um aplicativo que a Agência Nacional de Segurança não invada. São milhões de intervenções, todos os dias.

Este preâmbulo se faz a propósito de uma de nossas principais deficiências. Que eles nos escutem, leiam e interpretem já é um absurdo, ficando pior quando se sabe carecermos de condições técnicas para impedi-los. O Brasil está 50 anos atrasado em matéria de satélites, que não produzimos nem poderíamos lançar, mas apenas alugamos.

TRÊS VISÕES

É conhecida a história do menino que viu três operários de marreta nas mãos, quebrando pedras, e perguntou o que estavam fazendo. O primeiro disse que quebrava pedras, mesmo. O outro falou que ganhava o pão de cada dia. O último respondeu que construía uma catedral.

O que responderão três companheiros do PT se flagrados numa repartição qualquer, mexendo com papéis e computadores, caso indagados sobre o que estão fazendo?

Um dirá estar escrevendo bobagens. Outro, que garante o emprego recebido do partido. Agora, o terceiro explicará estar colaborando para o aprimoramento do regime dos trabalhadores?

Dificilmente será ouvida a terceira resposta, já que o PT apagou aquela antiga chama de que falou o Lula, dias atrás, a respeito de companheiros que trabalhavam de graça para o partido, de manhã, de tarde e de noite. Todos agora cobram, disse o ex-presidente.

Muita gente pergunta o que aconteceu e a resposta só pode ser uma: no poder, o PT imitou os partidos que criticava. Lançou-se numa desenfreada corrida por cargos, benefícios e até sinecuras. Aí está o mensalão, para ninguém desmentir.

Fazer o quê? Pedir para voltarem aqueles que se desiludiram e pularam fora? Dificilmente aceitarão. Recrutar novos, apostando na renovação? E os exemplos atuais estimularão alguém? Ainda há pouco os jovens revoltados que ganharam as ruas botaram para correr os poucos companheiros que ousaram incorporar-se às manifestações portando bandeiras do partido.

Torna-se necessária ampla revisão de rumos. Claro que também de pessoas. Senão uma volta ao passado, ao menos uma fuga para o futuro. As eleições do ano que vem poderão revelar profunda surpresa para o PT, tanto no Congresso quanto nos governos estaduais. Apesar do Ibope desta semana, há quem diga que também para o palácio do Planalto…