Opinião

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: O Cabaré de Irene - Por Sérgio Botelho

Estão vendo a foto, que ilustra o texto, mostrando um sobrado inteiramente lacrado e visivelmente a caminho da ruína?

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: O Cabaré de Irene - Por Sérgio Botelho

Estão vendo a foto, que ilustra o texto, mostrando um sobrado inteiramente lacrado e visivelmente a caminho da ruína? No referido endereço, no final da Rua da Areia, por trás do prédio antigo da prefeitura, vizinho ao que abrigou o Guaraná Dore, existiu o Cabaré de Irene.

Logo depois do terraço da frente, hoje emparedado, havia um salão margeado por cadeiras onde moças esperavam sentadas. Elas vestiam entre a elegância e a vulgaridade, a sofisticação e a simplicidade, o glamour e a praticidade. A porta, geralmente fechada por dentro, só era aberta depois da observação, por meio de uma portinhola.

Enquadrado o sujeito, conhecido ou com pinta de gente sem afetações perigosas, a porta era aberta. Na sala contígua, clientes a tomar whisky ou rum (geralmente da marca Montilla) com Coca-Cola. Os garçons, profissionais, geralmente atendiam com presteza. Alguns deles, ao longo do tempo, se tornavam confidentes das moças.

Ao fundo, uma radiola de ficha atendia às preferências dos clientes, manifestadas justamente por meio de uma ficha antecipadamente adquirida junto aos garçons ou no próprio balcão do estabelecimento.

De vez em quando, um cliente ia tirar uma daquelas moças para dançar. Em alguns casos, “namoro” mais antigo. A casa dispunha de quartos. Empresários, altos representantes comerciais, profissionais liberais, e alguns “filhinhos de papai” (geralmente, quando o pai não estava, embora também pudesse ser tudo junto e misturado) formavam a clientela.

Em meios de semana, era possível, então, ver estudantes universitários e, mesmo, secundaristas de maior, em busca do amor das jovens. Muitos desses amargavam contínuos insucessos já que não eram, apesar da juventude, objeto de desejo das moças: “turma de liso e de xexeiro”.

Com o passar do tempo, a popularidade dos cabarés tradicionais diminuiu, em parte devido a mudanças de comportamento, regulamentações mais rígidas e evolução das formas de entretenimento.

Sobretudo, pelo progresso de outras formas de prostituição, uma prática mais que milenar na história humana, em todos os quadrantes do mundo, até os dias de hoje.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba