Opinião

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Os Romeiros da Guia - Por Sérgio Botelho

O cinema nacional tem relação de muita proximidade com a Paraíba. Isso, tanto aproveitando cenários e histórias, como pela produção autoral dos cineastas locais.

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS: Os Romeiros da Guia - Por Sérgio Botelho

O cinema nacional tem relação de muita proximidade com a Paraíba. Isso, tanto aproveitando cenários e histórias, como pela produção autoral dos cineastas locais.

Um desses cineastas, ainda bem vivo, atende pelo nome de Vladimir Carvalho, itabaianense de 1935, professor aposentado da Universidade de Brasília, e autor, entre muitos, de dois dos mais importantes documentários da história do cinema nacional: O País de São Saruê, filmado entre 1966 e 1971, e Conterrâneos Velhos de Guerra, de 1991.

Tanto um filme quanto o outro, 11º e 21º, respectivamente, estão entre os 100 melhores do Brasil, de todos os tempos, no formato documental, segundo classificação da Associação Brasileira dos Críticos de Cinema, a Abraccine.

Em virtude de estarmos entrando no mês de outubro, quando se realiza a tradicional festa de Nossa Senhora da Guia, em Lucena, quero falar sobre uma das produções de Vladimir, intitulada Os Romeiros da Guia, filme disponível integralmente no YouTube, assim como os dois já citados.

O documentário foi filmado em 1962, quando Vladimir dividiu a direção com o saudoso pessoense João Ramiro Mello, outra figura importante para a história do cinema nacional. De admirável cunho social, assim como os demais de Vladimir, o filme retrata a peregrinação anual de devotos à referida Igreja da Guia.

O filme de Vladimir, com música de Pedro Santos (já falecido), participação do coral do antigo Conservatório de Canto Orfeônico da Paraíba, e câmera do pessoense Manoel Clemente (outro que também já nos deixou), se inicia na Praia de Ponta de Matos, em Cabedelo, de onde os romeiros partem em jangadas, navegando o rio Sanhauá, até chegarem à igreja, na época, em ruínas, capturando não apenas o aspecto religioso da peregrinação, mas também a dimensão festiva e cultural que a envolve.

Após as cerimônias religiosas, os romeiros se entregam a folguedos, com música, dança, cantoria e confraternização, criando um ambiente de alegria e celebração. “Os Romeiros da Guia” se constitui em importante registro etnográfico, documentando a tradição religiosa popular e as manifestações culturais que a acompanham.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba