— O ano de 2013 ficará marcado como um ano negro para a liberdade de expressão e imprensa no nosso país. Primeiro, pelo salto exponencial no número de violações contra jornalistas e veículos de comunicação. Segundo, porque, mesmo num país com democracia avançada e num ano em que comemoramos 25 anos da Constituição, a liberdade de expressão é uma garantia que não está plenamente consolidada — disse Daniel Slaviero, presidente da Abert.
Outro dado preocupante trata do número de veículos de comunicação que sofreram censura: subiu de três para quatro. Para Slaviero, a censura judicial é um dos problemas mais graves apontados pelo relatório:
— É uma fonte grave de preocupação, uma censura proveniente da Justiça, um dos poderes que mais deveriam zelar pelo exercício da profissão, é a fonte de decisões que proíbem os veículos de tratar de determinados assuntos — afirmou.
Por conta das manifestações que dominaram a pauta jornalística nos últimos meses, o relatório sobre liberdade de imprensa traz uma sessão dedicada a casos de agressão, intimidação, ameaças e ataques contra jornalistas, prédios e equipamentos de veículos de comunicação. Das 136 ocorrências registradas em 2013, cerca de 90 estão atreladas às manifestações. Só nos protestos do 7 de Setembro, houve 20 ataques a jornalistas de 14 veículos, sendo que 18 desses 20 foram praticados pela polícia.
O relatório mostra ainda que Brasília foi a cidade mais violenta para repórteres e fotógrafos no feriado da Independência: 12 profissionais feridos, todos por policiais militares. Três fotógrafos do GLOBO foram agredidos: André Coelho, da sucursal de Brasília, e Marcelo Piu, do Rio, agredidos pela polícia; e Marcelo Carnaval, atingido na cabeça por uma pedra.
— Essa explosão no número deve-se em grande parte aos protestos, a uma minoria arruaceira trabalhando contra a imprensa, e, por outro lado, a uma desproporcional atuação do Estado por meio das forças policiais, que não só reprimem manifestantes, mas atentam contra o trabalho dos jornalistas — concluiu Slaviero.