O sociólogo Mauro Paulino, diretor do Datafolha, explica que a maioria do eleitorado de Marina é feminino e tem ensino superior. A transferência de votos para Campos, no entanto, encontra certa resistência, por ora.
– Pelo cruzamento de dados, há uma resistência maior das eleitoras ao Eduardo Campos do que os eleitores da ex-senadora. As mulheres, geralmente, migram para brancos e nulos – disse, sobre a pesquisa realizad na sexta-feira, que ouviu 2.517 eleitores em 154 municípios do país, e tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Marina Silva aparece como candidata mais competitiva em relação à Dilma. Num cenário de eleitores que conhecem todos os candidatos na disputa, mesmo que só tenham ouvido falar deles, a ex-senadora e a presidente ficariam tecnicamente empatadas ao enfrentar Aécio (36% ante 32% para a presidente) e Serra (34% contra 32% da ex-senadora). Os tucanos, respectivamente, teriam 18% e 19% dos votos.
Com os eleitores “mais bem informados”, no entanto, é o governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) quem tem maior “potencial de crescimento da candidatura”, segundo levantamento publicado neste domingo pela “Folha de S.Paulo”, ainda com dados da pesquisa divulgada na véspera, que traz apresidente Dilma Rousseff (PT) como vencedora já no primeiro turno num cenário que tem ainda Aécio e Campos.
– Fizemos um exercício publicado neste domingo, considerando apenas os eleitores que conhecem todos os candidatos. E Eduardo Campos é o (candidato) que mais cresce nesse segmento. Isso indica que existe um potencial de crescimento da candidatura dele (Campos), mas isso dependerá da propaganda dele daqui para frente.
Paulino lembra que o governador pernambucano aparece como “muito bem” conhecido por apenas 8% dos entrevistados no levantamento divulgado no sábado, mas é desconhecido por 43% deles. E que, num cenário com Dilma e Aécio no exercício com eleitores que conhecem todos os candidatos, Campos empata tecnicamente com o tucano (o socialista tem 22% e Aécio, 21%). Quando Serra é o candidato do PSDB, o governador de Pernambuco tem uma leve vantagem sobre o tucano (24% ante 21%).
‘Eleição imprevisível’
Mauro Paulino disse que a eleição de 2014 é uma das mais imprevisíveis dos últimos anos, pois depende de vários fatores, entre eles uma suposta volta das manifestações em massa por todo o país e a realização da Copa do Mundo.
– Temos de considerar que, antes da eleição, muita coisa vai acontecer. Este ano, diferentemente dos últimos, a eleição tem características de imprevisibilidade. Tivemos os fatos ocorridos (manifestações) em junho, que mostraram que podem mudar o cenário, caso voltem a acontecer. Tem a Copa do Mundo no ano que vem, que tem uma importância crucial. Se houver problemas mais sérios na organização, o governo federal deve sofrer consequências. Caso contrário, sai fortalecido – finalizou.