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Ela fica ou ele volta?

Carlos Chagas

O ex-presidente Lula passou o dia de ontem em Brasília, para atividades ligadas ao PT, mas encontrou-se também com a presidente Dilma. Ambos mantém a cautela diante do acordo entre Marina Silva e Eduardo Campos, não pretendendo tratá-los como adversários, muito menos inimigos. Isso, é claro, para efeito externo.

Na intimidade, andam indignados, mais até por Marina do que por Campos. Para o Lula, a ex-senadora e ex-ministra aplicou um golpe baixo ao filiar-se ao PSB. A previsão do primeiro-companheiro é de que a adesão logo entrará em zona de turbulência, se é que ainda não entrou. O candidato dito socialista terá estranhado a mais recente definição da dona da Rede, de que ambos poderão, no momento oportuno, ser o candidato. Ora, o governador de Pernambuco já é. Vinha andando no fio da navalha, para não ser atacado pelo governo, mas com a entrega de seus dois ministérios e a celebração do acordo com Marina, entrou num caminho sem volta. Deverá ser enfrentado, a partir de agora, mesmo com sutileza, numa primeira fase.

A pergunta que se faz refere-se ao começo do próximo ano, quando as campanhas se acirrarão e as pesquisas prenderão as atenções. Mesmo com Dilma favorita, o esforço do Lula se concentrará na vitória da candidata no primeiro turno. Se os números continuarem a acender dúvidas, será chegada a hora da grande decisão: ela fica ou ele volta?

Ninguém duvida da disposição do ex-presidente de ver a sucessora reeleita. Fez e mais fará nesse sentido. Só que se o segundo mandato estiver em perigo, a única saída será a volta do Lula. A candidatura dele seria imbatível, botaria os concorrentes para correr. Ou não?

O AMANHÃ NUNCA MORRE

No Brasil inteiro as pessoas vão dormir imaginando o que o dia seguinte nos reserva. Desde as manifestações de junho tudo pode acontecer. Da baderna disseminada às greves prolongadas que infernizam a vida de todo mundo, de sucessivas revelações de maus-feitos na administração pública, até mesmo de alianças políticas imprevisíveis, escreve-se sempre um roteiro novo para esse misto de drama e comédia que nos assola. Como escreveu mestre Gilberto Freire, ninguém se espante se o Carnaval cair na Sexta-feira Santa.

PARA ONDE FOI O DINHEIRO?

O polêmico senador Mário Couto, do PSDB do Pará, apresentou número no mínimo ameaçador. Este ano, até o fim de setembro, os brasileiros pagaram de impostos 1 trilhão, 186 bilhões, 991 mil e 800 reais. Claro que essa fortuna serve para manter o poder público funcionando e para programas assistencialistas, mas servirá também para comprovar a incompetência governamental?

Com exceções, nossas maiores empresas estatais e privadas estão em sérias dificuldades. Os serviços públicos continuam pela hora da morte, em termos custo e de eficiência. Prefeituras e governos estaduais sentem-se cada vez mais endividados. O cidadão comum vive uma aventura todos os dias em que sai de casa, mas quando fica prisioneiro, nela, precisa erigir barricadas. As greves paralisam todo tipo de atividades. Alguma coisa vai acontecer.

AUSÊNCIAS

A Câmara dos Deputados realizou sessão solene em comemoração aos 25 anos da Constituição, com direito à presença da presidente Dilma Rousseff e do ministro Joaquim Barbosa. Medalhas foram distribuídas aos ex-constituintes e até a jornalistas que participaram da cobertura dos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte. Só que faltaram três ilustres convidados: Luís Inácio da Silva, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney…