Eduardo Campos compreendeu que “serviu” de elevador para Dona Marina.
Por Helio Fernandes
O cenário da sucessão de 2014 não sofreu mudança total, como disseram jornalões e comentaristas de televisão. Continua rigorosamente o mesmo, os personagens também, não surgiu nada de novo.
Só que agora aumentou em todos esses personagens a expectativa pelas pesquisas. Datafolha e Ibope já aceleram os trabalhos para apresentarem, mais rápido possível, a percentagem de votos dos candidatos supostos, presumíveis ou previsíveis. Quem subiu, desceu ou estacou.
Partidos e personagens, e seus respectivos mensaleiros (perdão, marqueteiros), terão pelo menos um farol para iluminar seus caminhos. E justificarem os milhões que recebem, no Brasil e no exterior.
Em 48 horas, Eduardo Campos, que no sábado era exultante, esfuziante, triunfante, ontem, segunda-feira, no mínimo se mostrava triste e reticente. Precisou no mínimo desse tempo para compreender e constatar: o grande derrotado foi ele. Dona Marina surripiou sua candidatura, a céu aberto, com a complacência e o entusiasmo dele.
AGORA, O SOCIALISTA COM DOIS
CANDIDATO, NENHUM SOCIALISTA
Esse Socialista é apenas mais uma legenda, sem conteúdo, sem consistência, sem ideologia. Em 2002, o ex-governador Garotinho foi candidato por esse mesmo PSB, teve 15 milhões de votos. Isso mesmo, 15 milhões. Campos até agora não chegou a 5 milhões.
Só que o mais grave, pelo menos no mundo em que vivemos, não é a falta de ideologia, e sim a ausência de votos. O governador de Pernambuco, que não dormiu de sábado para domingo, embalado pelo clima de vitória, continuou sem dormir no domingo para segunda, anestesiado pela realidade: como pode ser cabeça de chave do Socialista, se está distante e bem abaixo da percentagem eleitoral dela?
Nem o Tribunal Eleitoral registrará sua candidatura. Desconfiará de alguma ilegalidade. Como segundo nas pesquisas, poderá ser o primeiro na eleição? E como ficarão os analistas que chamaram a filiação de Dona Marina de “golpe de mestre” do governador? Se isso existiu, foi dela.
O CENÁRIO NÃO MUDOU.
A INTRANQUILIDADE, SIM
Todos, nos mais diversos partidos, agora terão que se movimentar, construir alianças, não importa quem com quem. O único que está impossibilitado: Eduardo Campos. Seu partido tem dois candidatos, por enquanto, ele está com poucas chances. Tem que procurar votos, avalanche de votos, sem “ciscar” fora do PSB.
RENAN, A CORRUPÇÃO
E A DEMOCRACIA
O presidente do Senado garante: “A imprensa é insubstituível numa democracia”. Não falou nada sobre corrupção. Não precisava. O país inteiro sabe que, sendo presidente do Senado, teve que renunciar para não ser cassado.
Manteve o mandato, sabia que voltaria à presidência, voltou mesmo. Numa fase de quase rompimento com o Planalto, ouviu de Dona Dilma: “Dispute o governo de Alagoas, tem o meu apoio”.
Renan agradeceu e disse que não. Já tinha um candidato, que acabou e lançar: o filho também Renan. Só que não têm apoio de Teotonio Vilela Filho, governador eleito e reeleito, força eleitoral grande.
Esperança de Renan: Teotônio tem que sair até 5 de abril, para ser senador.