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Marina continua assustando

Carlos Chagas

Pode até ser verdade, mas ninguém acreditará não ter havido o dedo do PT na rejeição do registro da Rede pela Justiça Eleitoral. Mais de 90 mil assinaturas foram rejeitadas nos cartórios de São Paulo, em especial do ABC. Com Marina sem partido, imaginaram os companheiros afastá-la da disputa pela presidência da República, ano que vem. Foram variadas as justificativas para a rejeição, pelos cartórios, inclusive uma hilariante: jovens que nunca votaram, mas vão votar pela primeira vez, foram excluídos, assim como idosos com mais de 70 anos, que não são mais obrigados a votar…

Por que esse golpe branco? Porque nas pesquisas a ex-senadora e ex-ministro ocupa o segundo lugar, em muitos casos encostando nos índices da presidente Dilma. No mínimo, continuando os números como vão, haveria segundo turno. Para onde iriam os votos supostamente dados em Aécio Neves e Eduardo Campos?

A conclusão surge clara, enquanto Marina decide se entra ou não em outro partido. Já recebeu sete convites. Sua votação independe de legendas partidárias. Continua incomodando. E assustando.

O Tribunal Superior Eleitoral negou registro à Rede Sustentabilidade argumentando que seus organizadores não apresentaram número suficiente de assinaturas. Mas apresentaram. Apenas, 90 mil foram anuladas, número mais do que suficiente para justificar o registro. Houve, como disse o único ministro que votou a favor da Rede, uma óbvia orquestração. Gilmar Mendes foi mais adiante ao sustentar a importância da sintonia entre os tribunais e a opinião pública. Poucos, no Congresso e fora do Congresso, deixam de manifestar indignação com o ocorrido, mesmo sem a maioria criticar o TSE, que decidiu de acordo com a lei.

Um último registro: toda essa novela ainda inconclusa revela a ascensão de Marina Silva em matéria de popularidade. Está em todas as telinhas, microfones e páginas de jornal. Se pensaram isolá-la, quebraram a cara…

SOLIDARIEDADE

Quem saiu em defesa de Marina Silva, mesmo sendo do PT, foi o senador Jorge Viana, do Acre. Ele lamentou a decisão da Justiça Eleitoral e disse que se ela ficar fora da disputa presidencial, a democracia sairá perdendo. Será que a direção do PT irá admoestá-lo? Outro companheiro que solidarizou-se com a ex-ministra foi Paulo Paim, do Rio Grande do Sul.