PAULO SANTOS: ANASTÁCIO COMEU MOSCA

O deputado federal Luiz Couto, do PT da Paraíba, foi á tribuna da Câmara e de lá denunciou um suposto esquema que perpetrava seu assassinato, incluiu integrantes da Secretaria de Administração Penitenciária como intermediários nessa nefasta empreitada e recebeu o mais portentoso desmentido do próprio Governo que apoia, chefiado por Ricardo Coutinho. Tudo isso é fato.

Nesta quarta-feira (2), durante a sessão matinal da Assembleia Legislativa, o deputado estadual petista Frei Anastácio foi à tribuna da Casa Epitácio Pessoa para desancar a imprensa que, segundo ele, teria maltratado Couto com todos os tipos de impropérios. Não deu uma palavra sobre a nota do Governo que, com a sutilize de hipopótamos brigando, qualificou Luiz Couto de mentiroso.

Frei Anastácio é um parlamentar operoso, diligente, defensor dos agricultores e das minorias. Não é um orador brilhante, mas é assíduo, trabalhador, além de temperamental, capaz de envolver-se em ásperos bate-bocas com colegas e – em algumas oportunidades – pedir desculpas quando flagrado em exageros verbais.
O religioso e político ficará devendo, a partir de hoje, um pedido de desculpas a boa parte da imprensa. Em primeiro lugar porque ele generalizou as suas acusações a profissionais de imprensa. Não disse quem desqualificou Couto e, por isso, cometeu injustiças.
Se Anastácio acha que a imprensa foi responsável pela pantomima criada a partir das denúncias do outro sacerdote/político, está enganado. Nunca o atual Governo estadual foi tão rápido em tentar reduzir uma denúncia a pó como neste caso. O deputado petista estadual pode comprovar esse fato porque faz ferrenha oposição ao Palácio da Redenção.
É incompreensível que Anastácio, sempre tão bem tratado pelos jornalistas na cobertura diária do Poder Legislativa, tenha vindo a público defender Luiz Couto que, nos últimos tempos, tem desferido inúmeras acusações aos seus desafetos que integram o PT e nunca recebeu apoio de Anastácio. Estão em lados opostos, inclusive, quando aos afagos políticos no Governador.
É compreensível que Anastácio procure dirigir o foco das suas críticas para a imprensa. O PT, nos dias atuais, vive uma prévia de eleições internas (o chamado PED) para escolha dos seus dirigentes estaduais e o deputado estadual, que apoia a chapa liderada pelo vice-Prefeito de Patos, quer fazer gentileza com o chapéu alheio, tentando seduzir o apoio de Couto e baixar o relho na imprensa.
É uma tática antiga, essa de Anastácio. Quando e conveniente, distribui gentilezas com a imprensa. Na primeira oportunidade em que um petista se sente acuado por uma estrutura gigantesca – acusado pelo Governo do Estado de mentir – lá está outro petista para dizer que mentirosa é a imprensa.
Alguém aí se lembra da reação do PT às denúncias sobre o mensalão? Logo no início as denúncias eram invenções dos jornalistas. Com o caso se desenrolando no Supremo Tribunal Federal as alegações eram de que não existiam provas.
Só faltou Anastácio dizer que foram os jornalistas que obrigaram Luiz Couto a ir á tribuna jogar excrementos no ventilador. Ou dizer que os autores das ameaças eram profissionais de imprensa. E que o suposto dinheiro para compensar a eliminação de Couto saiu dos cofres dos sindicatos dos Jornalistas ou dos Radialistas.
Anastácio, saia da frente do ventilador de Luiz Couto.