Opinião

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: O relicário da Misericórdia - Por Sérgio Botelho

Ontem, nosso alvo foi a Igreja da Misericórdia e, em seu interior, o túmulo de Duarte Gomes da Silveira e sua mulher, Fulgência Tavares

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: O relicário da Misericórdia - Por Sérgio Botelho

Ontem, nosso alvo foi a Igreja da Misericórdia e, em seu interior, o túmulo de Duarte Gomes da Silveira e sua mulher, Fulgência Tavares, filha do primeiro capitão-mor da Capitania da Paraíba.

Hoje, voltamos ao assunto no intuito de chamar ainda mais a atenção para o caráter memorial que tem aquela construção, a primeira a ficar pronta, em Filipéia de Nossa Senhora das Neves, praticamente do jeito que está hoje, o que aconteceu nos primeiros anos de edificação da cidade.

Nesse sentido, o templo construído pela Santa Casa tem caráter originário para a capital paraibana. De suas missas e funções religiosas diversas ou servindo de refúgio para contemplações e rezas e momentos particulares e coletivos de angústia e ansiedade ou de espaço para reuniões envolvendo temas muitas vezes vitais para a história da cidade, foi nuclear aquele espaço (incialmente, o único possível, com algum conforto, na urbe que nascia).

Em seu solo e paredes e arredores foram sepultados os despojos de várias gentes que viveram a obra de construção da atual cidade de João Pessoa, desde a largada. Longe de ser caracterizado como um santo, que não era, ele terminou se constituindo em elemento de elevada importância na consolidação da atual urbe pessoense, aqui vivendo, no Engenho Velho, a meio caminho de Mamanguape, desde os primeiros anos de fundação, a contar de 1585, até morrer, em 1644.

Não que tenham sido os mais importantes, mas Duarte da Silveira e sua mulher Fulgência Tavares, ali inumados, estão entre os fundadores de João Pessoa, já que se envolveram diretamente com o soerguimento físico da urbe. Consta que, na condição do morador mais rico da Filipéia de Nossa Senhora das Neves, financiou casas a potenciais moradores, mas também instituiu prêmios a quem as construísse para moradia.

A própria existência dos restos mortais do casal, no interior da Igreja, como já dissemos, os dois únicos fundadores da cidade dos quais guardamos relíquias, complementa o memorial que efetivamente é a Igreja da Misericórdia. Em virtude dessas importâncias todas, creio que aquele templo deve se efetivar enquanto objeto da preocupação total dos poderes públicos e da sociedade pessoense.

Transforma-lo em local de visita a estudantes de todos os níveis, para aulas sobre a nossa história (aliás, obrigação para a qual se presta todo o nosso Centro Histórico), é fundamental no sentido de aumentar os níveis de pertencimento de nossa população. Passeios guiados, pelos setores de turismo, explicando nossas origens aos de fora, é também uma tarefa essencial.

Enfim, a manutenção de uma vigilância permanente sobre a sua preservação física, se reveste como tarefa inarredável, não apenas para a Igreja Católica, mas para o poder público, e para nós próprios. Afinal de contas, a Igreja da Misericórdia é o maior símbolo tangível e intangível das origens da atual cidade de João Pessoa.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba