Opinião

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: Praça Caldas Brandão - Por Sérgio Botelho

Li no Facebook postagens, de alguns anos atrás, dos irmãos Silvino Espínola e José Mário Espínola (o primeiro, sociólogo e professor aposentado da UFPB, o outro, médico cardiologista), lembrando o tempo de moradores da Praça Caldas Brandão.

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: Praça Caldas Brandão - Por Sérgio Botelho

Li no Facebook postagens, de alguns anos atrás, dos irmãos Silvino Espínola e José Mário Espínola (o primeiro, sociólogo e professor aposentado da UFPB, o outro, médico cardiologista), lembrando o tempo de moradores da Praça Caldas Brandão.

Sua família (desembargador Francisco Espínola, ex-presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, sua esposa, dona Margarida Nair, já falecidos, e mais 6 irmãos e irmãs: João Neto e Paulo Fernando, juízes – ambos, também falecidos -, Francisca Luíza, juíza, Humberto e Ana Cândida, procuradores, e Francisco Espínola Júnior, músico e compositor) ocuparam residência na Praça Caldas Brandão, esquina com a antiga avenida Tambiá/Praça da Independência.

Quando se fala em Praça Caldas Brandão, é preciso lembrar que aquela área pessoense compunha, em tempos mais passados, uma região chamada Cruz do Peixe, pertencente aos monges beneditinos. O primeiro ícone urbano da cidade a manter endereço em Cruz do Peixe foi a Ferro Carril Paraibana (exatamente onde hoje está a Energisa Cultural), com sua linha de bondes de tração animal e um trem maxabomba com destino à parte leste da cidade da Parahyba (a hoje famosa João Pessoa).

Depois, quem se instalou no local foi a Empresa Tração, Luz e Força, que deu início ao fornecimento de energia elétrica à cidade. Na sequência temporal, a ETLeF também passou a ofertar novos e modernos bondes elétricos. Ainda nas duas primeiras décadas dos anos 1900, foram inaugurados, em Cruz do Peixe, instituições da Santa Casa de Misericórdia (cuja maior expressão é o ainda hoje existente Hospital Santa Isabel, não mais da Santa Casa), transferidas do Centro da cidade, entre a Duque de Caxias e a atual Visconde de Pelotas.

Em 1922, centenário da independência do Brasil, foi a vez de ser inaugurada a Praça da Independência, com a avenida Tambiá sendo pavimentada, assim como a avenida Maximiano de Figueiredo chegando à região, a partir da avenida João Machado. Para completar, a abertura da Epitácio Pessoa até a orla marítima. Nesse meio tempo, surgiu a Praça Caldas Brandão, que tomou esse nome após a morte do homenageado em 1933.

Mas quem foi Caldas Brandão? Seu nome de batismo era Trajano Américo de Caldas Brandão, nascido em 1861, na localidade de Canafístula (hoje, Caldas Brandão), mas então pertencente ao município de Pilar, e que teve destaque na Justiça paraibana. Sua biografia anota os seguintes cargos exercidos por ele: promotor público, sequencialmente, de Alagoa Grande, Pilar, Cabaceiras e Areia; juiz de Bananeiras, Umbuzeiro, Mamanguape e da Vara dos Feitos da Fazenda Estadual; desembargador do Superior Tribunal de Justiça da Paraíba e procurador-geral do Estado.

Também foi responsável pelo lançamento da Revista do Foro, diretor e presidente do Montepio dos Funcionários do Estado. Ganhou seu nome na praça por tudo isso, mas, certamente, por ter sido provedor da Santa Casa de Misericórdia entre 1907 e 1917, nos primeiros anos de sua instalação em Cruz do Peixe.

Enfim, aproveito para lembrar outros moradores locais, ao longo do tempo, segundo me contaram, a exemplo de seu João Pedro Araújo, pai do gastroenterologista Luiz Pedro, o saudoso David Trindade Filho, ex-gerente do Banco do Brasil, o empresário José Fernandes, do Engenho São Paulo, e Carlos e Nhozinho, ambos da família Brandão. Todos, um dia fregueses da sempre lembrada mercearia de seu Borges.

Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba