Uma paciente de 37 anos acusa um médico da área de saúde da família por importunação sexual. O crime teria ocorrido na Unidade Básica de Saúde (UBS) nº 8 do Vale do Amanhecer, no último dia 15.
A vítima, uma merendeira de empresa terceirizada contratada pela Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), relatou o caso à Ouvidoria-Geral do Distrito Federal e registrou boletim de ocorrência na 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina).
A paciente contou que após uma crise de fibromialgia, procurou a UBS nº 8 e conseguiu um encaixe para uma consulta, na semana passada. Ao entrar no consultório do médico, ele teria desviado a conversa com a paciente, dito ser “ninfomaníaco” e chamado a vítima de “gostosa”. A reportagem ainda não conseguiu contato com o denunciado; por isso, não divulgará o nome dele por enquanto.
“Depois que apresentei minhas queixas, fui surpreendida com a resposta desse médico. Ele disse que eu era linda, mas estava gorda e tinha de emagrecer. Falou, ainda, que eu fazia ‘o tipo de mulher’ de quem ele gostava e que, se eu não fosse casada, ele me chamaria para sair”, contou a vítima, em entrevista ao Metrópoles, na manhã desta terça-feira (23/7).
A vítima também relatou que o médico havia comentado que “o peso dele o atrapalhava muito” e que ele começou a se cuidar depois de ficar “brocha”. A merendeira acrescentou que o denunciado disse não ter reparado quando ela se sentou na cadeira do consultório, mas que a bunda dela deveria ser “muito grande e bonita”.
“Fiquei completamente sem reação. Ele me falou que também era gordo e que isso atrapalhou muito a vida sexual dele, porque é ninfomaníaco, viciado em sexo”, relatou a denunciante.
Quando a paciente estava completamente atônita e constrangida diante da situação, o médico teria se levantado da cadeira, trancado a porta da sala e falado que mostraria a ela o quanto tinha emagrecido. “Ele levantou a blusa, tirou o cinto da calça e esticou o corpo, pedindo para eu olhar o abdômen dele”, detalhou a vítima.
A merendeira ressaltou que manteve a cabeça baixa, até que uma enfermeira bateu à porta do consultório, e o médico destravou a tranca.
A profissional de enfermagem entrou na sala para trocar uma receita médica de uma mulher que estava na UBS nº 8. Nesse momento, o médico respondeu que a enfermeira deveria mandar a outra paciente “enfiar uma rola no cu”.
“Foi muito constrangedor. Percebi que a enfermeira também ficou incomodada. Nesse momento, peguei a receita médica que ele terminava de escrever [para mim] e me retirei. Fiquei com medo, mas não quero me calar, pois acredito que ele deva ter feito coisa pior. Talvez, por atender uma população carente, acredita que ninguém terá coragem de denunciá-lo”, completou a merendeira.
Combate ao assédio
A ocorrência do caso foi registrada na última terça-feira (16/7) e é investigado pela PCDF e pela Comissão Especial de Prevenção e Combate ao Assédio do Distrito Federal.
Questionada pelo Metrópoles, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), responsável pela gestão das UBSs, não havia se pronunciado até a mais recente atualização desta reportagem.