No ano de 1911, instalou-se na Rua da Areia a Fábrica Parahybana de Águas Gazozas, do engenheiro inglês Sidney Clement Dore, tendo como vizinhas empresas icônicas da história industrial pessoense, dando seus primeiros passos, como a Fábrica de Vinhos Tito & Silva e a farmacêutica produtora da Água Rabelo.
Nas imediações, fábricas de cigarros e de charutos, mas também de bebidas com e sem álcool. Conforme já relatei em crônicas anteriores, a rua, uma das primeiras providências urbanas das décadas iniciais da capital paraibana, a partir do Varadouro, era assim chamada por conta da areia que se acumulava, em sua parte mais baixa, em tempos de chuvas mais fortes.
E não adiantou um dia batizá-la pomposamente de rua Barão da Passagem, pois, até hoje, o que imperou mesmo foi da Areia. Dore produzia Limonada Gazoza, Champagne Cidra, Kola Champagne, Ginger e Kri-Kri (uma mistura de frutas), com direito a “delivery”. (Em 1914 a modalidade de entrega era oferecida, já, por meio do telefone 156). Com o tempo, ficou famosa pelo seu guaraná.
Na via, fixaram residências proprietários de engenhos de açúcar, comerciantes e produtores de algodão, essa última, mercadoria que encheu a Paraíba de dinheiro entre o final do Século XIX e primeira metade do XX. No correr do tempo, uma loja maçônica e até o consulado italiano. Também, mais à frente no tempo, pensões, pensionatos e a Casa do Estudante, que, até hoje, abriga estudantes vindos do interior.
O guaraná Dore ainda atua no Nordeste, exaltando em seu site oficial a origem paraibana. Foi onde fiquei sabendo que Sidney Dore chegou na cidade de Parahyba (atual João Pessoa) em 1898, entre os ingleses que vieram construir a estrada de ferro Great Western, que não foram poucos. “…a época da sua chegada coincidiu com a tradicional festa de Nossa Senhora das Neves, padroeira da capital da Paraíba, onde era costume ser celebrada a lamparinas de querosene.
Sidney por ser engenheiro, inovou a festa com a montagem de um gerador elétrico, até então desconhecido por todos, transformando a iluminação do evento de querosene para elétrica, provendo luz e inovação para a época”, informa o site da hoje Sidore Indústria e Comércio de Refrigerantes e Águas Minerais, com fábrica em Parnamirim, iniciativa de descendentes de Sidney Dore.
Nas fotos, o prédio original do Guaraná Dore, em João Pessoa, e na versão atual. (Chama a atenção, na foto atual, o calçamento da época, em pedras de formatos desiguais, sendo descoberto à medida que o asfalto derrete).
Fonte: Sérgio Botelho
Créditos: Polêmica Paraíba