Opinião

PARAHYBA DO NORTE: Travessa Frutuoso Barbosa - Por Sérgio Botelho

Na foto, a Frutuoso Barbosa, com registro a partir da passarela de pedestres da Miguel Couto.
Na foto, a Frutuoso Barbosa, com registro a partir da passarela de pedestres da Miguel Couto.

Hoje falo sobre a Travessa Frutuoso Barbosa, no Centro, bem antigamente chamada de Rua do Cisco, de fortes lembranças de infância. A referida via era endereço de duas mercearias, as de “seu” Dutra e de “seu Raimundo”, bastante utilizadas pelas famílias residentes nas imediações, inclusive a nossa, com balcões onde se expunha carne de charque, bacalhau, afora papel grosso e de jornais e revistas para embrulhar mercadorias, presos embaixo de um peso de ferro.

Efemeramente, pontificou por lá o restaurante da Rosa, de boa frequência boêmia. Ali também residiram famílias amigas, além de um tio meu. A Frutuoso Barbosa tem como referencial mais forte o prédio do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano-IHGP, na esquina com a rua Barão do Abiahy, que também atende pelo nome de Eliseu César.

Dessa forma, a travessa da qual estou tratando, que hoje em dia comporta intenso movimento varejista, liga as ruas Miguel Couto e a tal Barão do Abiahy/Eliseu César, olhando de frente para o edifício do Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, erguido por trás do antigo prédio do Cinema Municipal. Antes da construção do viaduto, a Miguel Couto dividia com a Visconde de Pelotas o endereço do Hospital Municipal de Pronto Socorro-HPS. Acontece que de frente para a Frutuoso Barbosa, ficava o necrotério do HPS, fazendo com que a travessa acabasse pegando um restrito apelido, em círculos boêmios, de “beco do necrotério”.

O homenageado com o nome da rua, um rico português, fidalgo da Casa Real, estabelecido em Olinda, tem importância para a história paraibana. Uma expedição em 1579, reunida para a conquista da Capitania da Paraíba, ficou sob o seu comando. Em função desse objetivo, foi nomeado, por meio de Alvará, em 25 de novembro de 1579, “capitão da gente da povoação da Paraíba”, por dez anos. Isso terminou num certo vai e volta, pois não conseguindo o seu intento, além ser derrotado pelos potiguaras, perdeu a esposa, na empreitada, e teve o alvará cassado.

Como a luta prosseguiu, com a vitória portuguesa em 1585, sob o comando de Martin Leitão, concretizando a conquista da Paraíba, ele recuperou o direito e governou a capitania, no posto de Capitão-Mor, entre 1588 e 1591. Frutuoso Barbosa foi, ainda, Oficial da Câmara de Olinda e Capitão da fortaleza construída na Paraíba, em Cabedelo. Atualmente, a rua fica defronte a uma passarela que liga, por cima do viaduto, uma calçada a outra da Miguel Couto.