A advogada Juliana Bierrenbach, que defendia o senador Flávio Bolsonaro no caso da rachadinha da Alerj, disse em entrevista à coluna nesta terça-feira (16/7) ter recebido da sua ex-sócia, Luciana Pires, três relatórios com orientações sobre como buscar provas que levassem à anulação da investigação contra Flávio.
Luciana Pires revelou à coluna em 2020 que recebeu ao menos dois relatórios de Alexandre Ramagem, então diretor da Abin no governo Jair Bolsonaro. Segundo Bierrenbach disse hoje, porém, foram três relatórios.
Juliana, Luciana, Bolsonaro, Ramagem e o ex-ministro do GSI Augusto Heleno participaram de uma reunião no Palácio do Planalto em agosto de 2020. No encontro, gravado escondido por Ramagem, foram discutidos meios para uma contrainvestigação que provasse nulidades no caso do senador a partir de uma suposta atuação ilegal da Receita Federal contra Flávio.
“Ela [Luciana Pires] me encaminhou [os relatórios] por WhatsApp, recebi isso da Luciana Pires. Agora, eu não sei, não tenho como dizer pra você se isso foi escrito por ela, pelo Ramagem, pela Abin, pelo Flávio, não sei. Foi enviado por ela. Que ela disse para você que foi o Ramagem é um fato”, disse Juliana.
Nos dois relatórios que a coluna havia revelado, cuja autenticidade e procedência foram confirmadas na época pela defesa do senador, a Abin detalha o funcionamento da suposta organização criminosa em atuação na Receita Federal, que, segundo suspeita dos advogados de Flávio, teria feito um escrutínio ilegal em seus dados fiscais para fornecer o relatório que gerou o inquérito das rachadinhas.
Em um campo intitulado “Finalidade”, um dos documentos da Abin revelados pela coluna citou: “Defender FB no caso Alerj demonstrando a nulidade processual resultante de acessos imotivados aos dados fiscais de FB”. Os dois documentos foram enviados por WhatsApp para Flávio e por ele repassados para sua advogada Luciana Pires.
Juliana Bierrenbach afirmou hoje na entrevista, no entanto, ter considerado os relatórios “tolos, muito tolos”, e que já havia tido um encontro com o chefe da Receita Federal à época, José Barroso Tostes Neto, antes de ter tido acesso ao material. Juliana Bierrenbach argumentou, assim, que não houve utilidade nos relatórios passados a ela por Luciana Pires, com orientações da Abin contra o caso das rachadinhas. A advogada ressaltou que não entendia que os relatórios fossem da Abin.
“Em relação ao que foi passado, se a Abin determinou alguma coisa, quando eu soube daqueles relatórios, em que me chamam de doutora Juliete, eu já tinha estado com a Receita, não tinha sido ideia da Abin, ou de ninguém. Eu tive acesso depois que isso tudo já tinha acontecido”, disse ela.
“Tive acesso a três relatórios desses, que me pareciam, com todo respeito, muito tolos, tolos, muito tolos. Basta dizer que era um documento que talvez fosse da Abin e que me dava um codinome de Juliete, pelo amor de Deus. Seja lá por que for, era uma decisão equivocada, não tinha nem como olhar para aquilo e entender aquilo com seriedade. Nunca entendi que aqueles relatórios fossem da Abin”, declarou.
Metrópoles