A saída do governador do Ceará, Cid Gomes, e do seu irmão, o ex-ministro Ciro Gomes, dos quadros do PSB não será tão tranquila como o previsto inicialmente. O primeiro petardo foi disparado por Ciro ao declarar que a situação havia “descambado para o acanalhamento”. “Acho tudo lamentável! Não precisava descambar para o acanalhamento definitivo. Ele [Eduardo Campos] deveria ter o mínimo de compostura. Ele sabe que me deve em termos de correção moral, de decência. Eu ainda uso uma palavra antiga, démodé, que eu continuo valorizando: lealdade”, disse o ex-ministro segundo o portal IG. A saída de ambos, contudo, só deverá ser oficializada nesta quinta-feira (26). Entre as opções estão o recém-criado Pros ou mesmo o PT. A opção pelo Partido dos Trabalhadores serviria para manter aliança com a presidente Dilma Rousseff (PT), além de barrar a influência crescente do senador Eunicio Miranda (PMDB), que pretende concorrer ao Governo do Estado, com o eventual apoio do PT. Informações mais recentes dão conta de quase certeza de adesão ao Pros.
A decisão dos irmãos Gomes, que sempre se mostraram contrários aos planos do partido em lançar o governador de Pernambuco e presidente nacional da legenda, Eduardo Campos, à Presidência da República, não foi feita de forma unilateral. Além do fato de defenderem a permanência do PSB na base governista e do apoio à reeleição da presidente Dilma, os irmãos não digeriram bem a saída da legenda do governo, concretizada na semana passada. Como resposta, o PSB convidou a ex- prefeita de Fortaleza, a petista Luizianne Lins, para ingressar nos quadros socialistas e disputar o Governo do Estado. O convite feito a um dos maiores desafetos políticos do irmão Gomes foi considerado a gota d’água que faltava para que eles deixassem a legenda.
A saída de Cid e Ciro Gomes do PSB não se dará sem traumas. Eles levam junto consigo um grupo político de peso formado por 38 prefeitos, dez deputados estaduais, quatro deputados federais e pelo menos 200 vereadores. Segundo Ciro e sua metralhadora giratória, a intenção de Campos em concorrer ao Planalto não trará problemas ao PSB apenas no Ceará. “O PSB tem seis governadores. Qual deles vai dar palanque exclusivamente para Eduardo? Olha que constrangedora a pergunta!”, ironizou. A postulação de Eduardo esbarra em dificuldades para formar palanques junto aos governadores do Amapá, Camilo Capiberibe; da Paraíba, Ricardo Coutinho; do Espírito Santo, Renato Casagrande; e do Piauí, Wilson Martins. Os outros dois governadores do PSB são Eduardo Campos e o próprio Cid.