Por Rubens Nóbrega
O deputado Anísio Maia mostrou por A mais B, ontem, na Assembleia, que a Paraíba não vai superar o estágio de regressão sócio-econômica a que chegou se o Governo do Estado, principal indutor de negócios e projetos estruturantes em lugar pobre feito o nosso, não ouvir outras forças produtivas e outros segmentos pensantes que não pertencem ao círculo íntimo do poder. Não vamos a lugar algum, por exemplo, se quase três anos após a posse é que esse governo vem e apresenta um plano estratégico de desenvolvimento para o Estado. E se, ainda por cima, faz isso sem qualquer diálogo ou debate sério com a sociedade.
Como se fosse pouco, para ilustrar os argumentos e reforçar sua tese, o parlamentar petista ainda apresentou dados que desmoralizam por completo a propaganda dos ‘mil dias’ do governo de Ricardo Coutinho, a começar pelos propalados R$ 6,3 bilhões de investimentos que o monarca apresenta como fato por ele consumado. Na verdade, não chegariam a R$ 3,6 bilhões esses investimentos, informa o deputado. E desse total, permitam-me lembrar, pelo menos R$ 2,5 bilhões foram repassados ao Ricardus I pelo Maranhão III em forma de pedra e cal, pois essa dinheirama financiou e financia em obras em andamento, quase concluídas ou concluídas ou, no mínimo, projetadas, iniciadas e com recursos captados e assegurados desde o Cássio II.
Mesmo assim, e embora se limite praticamente a emitir ordens de serviços de obras para as quais só contribui com o seu jamegão no papel, Ricardo Coutinho faz muita praça de realizador, de operoso. Para tanto, convence um bocado de gente – torrando milhões dos cofres públicos com publicidade caríssima – de que é o novo ‘mestre de obras’ da Paraíba. É bem verdade que ele seria muito burro (e de burro ele só tem as penas) se nem isso fizesse, ou seja, se não tocasse nem ordenasse tais obras. E poderia até ganhar o respeito e a simpatia de pessoas inteligentes e independentes da Paraíba se, paralelamente à sua obsessão por obra nova – estradas, principalmente ou quase unicamente – também desse um pouco de atenção, cuidado e manutenção ao patrimônio que encontrou pronto.
Mas o que se vê beira o desleixo deliberado, com prédios públicos em deplorável estado por falta de conservação ou recuperação. Basta recordar o que houve, há dois meses, com a velha sede do finado Paraiban, na Epitácio Pessoa, principal avenida da Capital. Lá funcionavam pelo menos cinco secretarias e a Procuradoria Geral do Estado, mas o prédio foi interditado porque suas instalações se encontravam em petição de miséria, inclusive ameaçando a integridade física de seus ocupantes mais permanentes ou usuários eventuais.
Tamanha desídia está exposta ainda na buraqueira infernal que causa acidentes e prejuízos a milhares de paraibanos que trafegam por rodovias estaduais mais antigas e mais importantes em todas as micro e meso regiões do Estado. Mas esse governo parece obcecado por obra nova, como disse há pouco. Talvez certo de que as estradas em construção – graças aos projetos e gestões de seus antecessores – vão asfaltar o caminho da reeleição do governante. Mas, a julgar pela popularidade atual do candidato, estrada nova pode até lhe render muita coisa… Votos, nem tanto.
Emoção e reencontro em Bananeiras
Voltei ontem a Bananeiras a convite da Direção e Coordenação Pedagógica do Grupo Escolar Xavier Júnior, onde fiz o meu Primário. Fui contar aos alunos da escola um pouco do que vivi e aprendi lá. Foi difícil falar, tamanha a emoção do ex-aluno no reencontro com alguns colegas de classe e algumas das melhores lembranças do tempo e lugar que me fizeram tanto bem. Conto mais depois, inclusive para agradecer mais adequadamente às pessoas que me proporcionaram momento tão feliz.
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Aproveitei a viagem para me inteirar sobre a suposta polêmica em torno do shopping que estão construindo em Bananeiras. Pelo que ouvi, senti e percebi, o empreendimento tem o apoio da quase totalidade dos habitantes da cidade e da vizinha Solânea. Vou escrever sobre o assunto em coluna próxima.
Trindade põe ‘A Língua no Bolso’
Ao contrário do que diz o poeta Bilac, a nossa última flor do Lácio não é – jamais foi – inculta. Bela, com certeza. Complexa, seguramente. Perguntem ao também poeta João Trindade se não tenho razão! Perguntem a Trindade porque ele ainda é um dos poucos que conhecem como ninguém a Língua Pátria, que também não é o ‘rude e doloroso idioma’ que o aculturado Olavo tentou estigmatizar.
Se fosse assim tão tosca quanto quis fazer parecer o nosso mais admirado parnasiano, não daria tanto trabalho nem demandaria tanto estudo o saber falar e escrever bem em Português. Mas esse esforço João Trindade tira de letra, pois se transformou em uma das mais positivas referências do ensino da matéria na Paraíba.
E agora o Professor Trindade ganha o Brasil com a segunda edição de ‘A Língua no Bolso’, que será lançada hoje às 18h na Livraria Leitura do Manaíra Shopping, de João Pessoa. Esta sai pela Alumnus, uma das maiores e melhores editoras do país no ramo das obras didáticas, que vende livros para concurseiros e vestibulandos como quem vende água mineral no deserto.
Por essas e outras, vou tentar chegar cedo ao Manaíra para garantir o meu exemplar antes que acabe. Afinal, também preciso botar a Língua no bolso para não errar ou errar o mínimo possível diante de leitores tão inteligentes quanto exigentes como esses que prestigiam esta coluna.