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HISTÓRIA DAS ELEIÇÕES: Relembre os políticos paraibanos que só tiveram um único mandato

A política é uma ciência muito dinâmica. Candidatos se mantém no mesmo cargo por décadas, enquanto outros aparecem e somem da vista dos eleitores em um passe de mágica.

HISTÓRIA DAS ELEIÇÕES: Relembre os políticos paraibanos que só tiveram um único mandato

A política é uma ciência muito dinâmica. Candidatos se mantém no mesmo cargo por décadas, enquanto outros aparecem e somem da vista dos eleitores em um passe de mágica.

Aqui na Paraíba, temos verdadeiras dinastias que se perpetuam em Prefeituras e no poder legislativo, o que traz uma sensação de menor rotatividade nas Assembleias e Câmaras Municipais.

Mas isso não é uma regra pré-estabelecida e vários políticos que ficaram no centro dos holofotes por décadas, hoje lutam por cargos ou desistiram completamente da vida partidária.

Nessa matéria, o Polêmica Paraíba apresenta os principais casos de ex-Deputados que só tiveram um único mandato em suas carreiras.

Sargento Dênis – 1998: Natural de Recife, o militar Denis Soares dos Santos, disputou sua primeira eleição em 1996, quando tentou uma das vagas para a Câmara Municipal de João Pessoa.

Dois anos depois tenta uma vaga na Assembleia Legislativa e é eleito Deputado Estadual com 12.036 votos, sendo o penúltimo dos 36 parlamentares vencedores. Na eleição seguinte, melhora sua votação em quase 5 mil votos, mas não consegue se reeleger, ficando na segunda suplência da coligação.

Sargento Dênis tentou se eleger Deputado Estadual em 2006 e Federal em 2014, sem sucesso, mas não ficou longe da política. Foi Secretário de Segurança da gestão de Luciano Cartaxo na Capital, Secretário Executivo do Meio Ambiente da Paraíba no Governo João Azevêdo e é o atual Presidente Estadual do PV, partido ao qual está filiado desde os anos 90.

Zarinha Gadelha Leite – 1998: Casada com o médico Epitácio Leite Rolim, Zarinha foi primeira-dama de Cachoeira dos Índios e, por três vezes, primeira-dama de Cajazeiras. 

Mesmo sendo alguém muito ligada a política, Zarinha não tinha disputado nenhum cargo público, até o pleito de 1998, quando apoiada pelo marido e então Prefeito de Cajazeiras, foi eleita Deputada Estadual com 12.234 votos, na época filiada ao PFL (Atual União Brasil).

Decidiu não disputar a reeleição em 2002, abrindo mão para a candidatura de Epitácio, que acabou ficando apenas na oitava suplência da coligação. Zarinha nunca mais dusputou qualquer eleição, mas ainda continua ativa na política de Cajazeiras.

Toinho do Sopão – 2010: Famoso por sua sopa na Lagoa Sólon de Lucena, Toinho disputou sua primeira eleição em 2008, quando concorreu a vereador da capital pelo PTN. Recebeu 2.271 votos, mas ficou apenas como suplente.

Em 2010, novamente pelo PTN, concorreu a uma vaga na Assembleia e para surpresa de muitos, atingiu incríveis 57.592 votos, se tornando o Deputado Estadual mais votado na história do estado até então, superando os 47.912 votos de Ricardo Coutinho em 2002.

Em 2012, seu nome chegou a ser lembrado para disputar a Prefeitura de João Pessoa, mas desistiu de concorrer e quase foi expulso do partido. Na mesma eleição, a então esposa de Toinho, Nilda Souza, disputou uma das vagas à Câmara Municipal, mas não conseguiu repetir o sucesso do marido, tendo apenas 248 votos.

Para a eleição de 2014, ficou longe da reeleição, terminando apenas em 67º lugar com 6.851 votos. Tentou uma vaga na Câmara de João Pessoa em 2016, recebendo apenas 169 votos. Após um tempo afastado da política, retornou em 2022, pleiteando um retorno a Assembleia, tendo mais uma votação muito aquém daquela de 2010, atingindo 181 votos.

Pastor Fausto Oliveira – 2002: Fausto Henrique Almeida de Oliveira era Pastor da Igreja Universal, quando foi candidato pela primeira vez em 2002. Mesmo sendo um estreante na política paraibana, o Pastor que foi um dos fundadores do PRB (Atual Republicanos), foi eleito Deputado Estadual com 22.012 votos, sendo o décimo nono dentre os 36 parlamentares vitoriosos.

Na disputa pela reeleição em 2006, perdeu quase mil votos, o que foi primordial para a perda do mandato, ficando na segunda suplência da coligação. Após essa derrota, o Pastor passou por uma espiral de problemas pessoais e judiciais.

Ele foi detido por policiais militares em junho de 2010, acusado de embriaguez alcoólica e direção perigosa na Capital, mas o pior caso foi no ano seguinte, quando o Pastor foi preso acusado de envolvimento com tráfico de crianças. A prisão aconteceu depois que dele ter supostamente comprado, da própria mãe, uma criança em Teresina, ao supostamente oferecer um apartamento e mais R$ 4 mil pelo bebê.

A última informação na imprensa acerca do Pastor Fausto remete a 2012, quando ele informava que não pretendia mais atuar na Paraíba, que residia em São Paulo, onde estuda medicina e pretendia disputar um mandato eletivo.

Renato Gadelha – 2014: Renato Gadelha faz parte de uma das principais famílias da política paraibana. Irmão do ex-Senador e Deputado Federal Marcondes Gadelha e do ex-Prefeito de Sousa, Salomão Benevides Gadelha, Renato não foi tão ativo na política como os irmãos, focando sua vida na carreira médica.

Foi Secretário Estadual de Infraestrutura, na gestão do Governador de José Maranhão, no ano de 2010, mas só iniciou a carreira política, propriamente dita, em 2014, quando foi eleito deputado estadual pelo PSC obtendo 26.594 votos.

Candidato a reeleição em 2018, alcançou a quarta suplência da coligação com 17.319 votos. Mais recentemente Renato esteve na Secretaria de Agricultura da Prefeitura de Campina Grande na gestão de Bruno Cunha Lima.

Gilbran Asfora – 1994: Filho do ex-deputado, advogado e poeta Raimundo Asfora, Gilbran iniciou a carreira política em 1988, quando foi candidato a Vereador em Campina Grande. Com 1.034 votos, não conseguiu se eleger. Em 1990, concorreu a uma vaga na Assembleia Legislativa ficando com 6.952 votos e obtendo uma suplência.

Ausente da eleição de 1992, voltaria a disputar um cargo eletivo 2 anos depois, novamente como candidato a deputado estadual. Com 12.018 votos (maior parte vindos de Campina Grande, Pocinhos e Alagoa Nova), ficou em 31º lugar entre os Deputados Estaduais eleitos, naquela que foi sua única vitória política.

Em 1998, tentou a reeleição, sem sucesso (foram 11.714 votos recebidos). Nas eleições de 2000, agora pelo PPB (atual Progressistas), recebeu 1.095 votos para Vereador de Campina, porém não conseguiu uma vaga na Câmara Municipal. Sem concorrer a nenhum mandato por mais de uma década, foi em 2013, nomeado coordenador de Articulação Política da Prefeitura de Campina Grande, se desligando do cargo em 2014 para concorrer novamente a deputado estadual pelo PTN, não conseguindo se eleger.

A sua última eleição foi em 2016, quando candidatou-se a Vereador de Campina pelo PSC, tendo seu pior desempenho nas urnas, recebendo apenas 817 votos do eleitorado campinense.

Simão Almeida – 1990: Simão começou sua militância social e política nos anos 1960, no movimento estudantil secundarista, na cidade de Campina Grande. Tendo que viver na clandestinidade, participou da resistência contra a ditadura militar. Durante anos, trabalhou e morou na região do Bico do Papagaio, participando de tarefas relacionadas à Guerrilha do Araguaia.

Depois da Anistia, em 1979, retornou à Paraíba, se candidatando pela primeira vez em 1988, quando foi candidato a vice-prefeito na chapa de Antonio Augusto Arroxelas, que ficou na quarta colocação. Na eleição de 1990, elegeu-se deputado estadual com 4 538 votos, sendo o penúltimo dentre os 36 parlamentares vitoriosos. Em 1994, obteve 7 615 votos, mas não conseguiu a reeleição.

Em 1996, Simão candidatou-se a vice na chapa de Lúcia Braga, que levou a disputa para o segundo turno contra Cícero Lucena. Tentou ainda ser Deputado Federal em 1998, Vereador da Capital em 2000, Senador no pleito de 2002 e Deputado Estadual em 2006 e 2010, naquela que foi sua última eleição.

João da Mata – 1986: Empresário importante do ramo alimentício, João da Mata se candidatou pela primeira vez em 1986, quando foi eleito Deputado Federal pelo PFL (Atual União Brasil) com 35.956 votos. Amparado pela boa votação em sua estreia, decidiu disputar a Prefeitura da Capital em 1988, ficando na segunda colocação, sendo derrotado pelo ex-Governador Wilson Braga.

Tentou se reeleger em 1990, mas só atingiu a primeira suplência do PFL, com um pouco mais de 20 mil votos, quase a metade do que o fez ser eleito em 86.

Mesmo sem disputar outras eleições, o ex-Deputado exerceu outros cargos públicos, como quando foi Secretário da Indústria, Comércio, Turismo, Ciência e Tecnologia do Estado da Paraíba nos Governos de Ronaldo e Cássio Cunha Lima.

Carlos Candeia – 1986: Médico formado pela UFPB, com residência em reumatologia pela USP, Carlos Candeia retornou a Patos onde dirigiu o Hospital Regional e a Maternidade Dr. Peregrino Filho, que o levou a vida pública, se candidatando pela primeira vez em 1982, sendo o mais votado para Prefeito de Patos e só não assumindo o mandato em consequência do instituto da sublegenda que beneficiou Rivaldo Medeiros.

A boa votação o credenciou a disputar uma das vagas para a Assembleia em 1986, quando se elegeu Deputado Estadual, com a segunda maior votação do Estado, ao atingir 20.179 votos. Tentou a reeleição no pleito seguinte, mas só teve 6.843 votos, o que o colocou na terceira suplência do MDB.

Após essa derrota nunca mais disputou uma eleição, preferindo focar seus esforços no exercício da medicina na Capital.

João da Penha – 1998: João da Penha do Nascimento é um político que disputou quase todas às eleições desde 1988. Naquele ano disputou seu primeiro pleito, concorrendo a uma das vagas para a Câmara Municipal de João Pessoa, não sendo eleito. Tentou ser Deputado Estadual em 1990 e Vereador nos pleitos de 92 e 96, sendo que na última só não conseguiu ser eleito, pois o PTB não alcançou a legenda necessária.

A sua insistência deu certo e João foi eleito Deputado Estadual em 1998, ao atingir 14.665 votos, filiado ao PDT. Tentou à reeleição no pleito seguinte, mas só teve apenas 6.888 votos, o que lhe concedeu apenas uma suplência. Após essa derrota, tentou ser Vereador da Capital em 2004, mas não conseguiu se eleger.

O ex-Deputado ficou longe da política por seis anos, quando postulou sem sucesso um retorno a Assembleia em 2010, seguido por outros insucessos em 2018 e 2022, com uma outra tentativa frustrada de se eleger Vereador da Capital em 2020.

Neto Franca – 1994: Filho do ex-Prefeito Damásio Franca, Neto começou sua carreira política em 1994  quando concorreu a Deputado Estadual pelo PDT. Foi o 23º colocado entre os eleitos, recebendo 13.268 votos. Não repetiu o desempenho em 1998, obtendo apenas 5.931 votos, ficando como suplente.

Voltou às urnas em 2002 novamente como candidato a Deputado Estadual, sendo lembrado por 3.773 eleitores, terminando outra vez na suplência. Após deixar o PDT, concorre a uma vaga na Câmara Municipal de João Pessoa pelo PSB em 2004. Embora tivesse obtido 1.518 votos, não conseguiu se eleger, naquela que foi sua última eleição.

Mesmo sem disputar outros pleitos, Neto continua ativo na política tento sido Presidente Estadual do AGIR, Presidente da Junta Comercial da Paraíba, Diretor do SEBRAE e do Banco do Nordeste.

Flaviano Quinto – 2006: Filho do ex-Prefeito e Deputado Marcus Odilon, Flaviano Quinto começou a carreira política de forma um tanto quanto tardia, sendo eleito Deputado Estadual em 2006, com a sexta maior votação do estado, ao atingir 35.844 votos, amparado pelo apoio dado pelo pai, que era o Prefeito de Santa Rita na época.

Quinto preferiu não disputar à reeleição no pleito seguinte, para tentar uma vaga na Câmara Federal. Conseguiu ter uma boa votação, com mais de 54 mil votos, mas que não foi suficiente para a vitória, lhe dando a terceira suplência da coligação.

Retornou aos holofotes seis anos depois, com o intuito de disputar à Prefeitura de Santa Rita, mas desistiu da eleição, faltando menos de um mês para o pleito. Em 2020, seguiu com a candidatura até o final, sendo o segundo colocado daquelas eleições, sendo derrotado pelo Prefeito Emerson Panta.

Fonte: Vitor Azevêdo
Créditos: Polêmica Paraíba