PAULO SANTOS: O QUE PENSARIA RONALDO?

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A discussão sobre a possível candidatura do senador Cássio Cunha Lima (PSDB) a governador da Paraíba em 2014 domina os ambientes onde se respira política. O assunto domina os locais onde estejam duas ou mais pessoas, as repartições públicas, os espaços escolares, os meios de comunicação convencionais, as redes sociais e por aí vai.
A presumível candidatura que embala os sonhos de tucanos de alta plumagem – como Cícero Lucena e Ruy Carneiro – transformou-se no maior enigma da próxima campanha eleitoral e já ganha espaço até mesmo no território aliado: o atual governador, em conversas reservadas, não tem deixado de manifestar essa hipótese.
Cássio, talvez influenciado pela mineirice de outro tucano que pretende ser candidato em 2014 – Aécio Neves – não confirma nem desmente a candidatura e faz coro com alguns dos seus proeminentes discípulos e enigmático é de opinião que o assunto seja postergado para o próximo ano.
Há um ingrediente nessa história que não pode deixar de ser lembrado: a primeira grande decisão política de Cássio que enfrentará sem a presença, ao seu lado, do pai Ronaldo Cunha Lima, que sempre foi o mais fiel cabo eleitoral do atual senador e conselheiro-mor desde os primeiros passos na política.
É bem verdade que Ronaldo não estruturou a trajetória de Cássio num projeto personalista, dando ao filho uma ampla e total liberdade e não se frustrou porque, assim como João Agripino com seu filho homônimo e com o outro filho e neto de nome Gervásio, viu o herdeiro ser vitorioso e se transformar na maior liderança política do Estado por volta dos 50 anos de idade.
Uma das últimas parcerias políticas de pai e filho foi exatamente no período de definição nos idos de 2010. Ronaldo não apenas estimulou Cássio a associar-se ao projeto de Ricardo Coutinho, como também incumbiu-se da difícil tarefa de estimular Cícero Lucena a desistir da luta pelo Palácio da Redenção.
A pergunta que não quer calar é: o que faria – e diria – Ronaldo Cunha Lima nesse momento em que o filho enfrenta pressão de todos os setores da sociedade – inclusive de adversários – para que volte a disputar a cadeira que foi sua por dois mandatos e arrancada, à força de fórceps judiciais, após a reeleição? Não custa especular.
Antes de qualquer digressão poderia se admitir que, onde estiver, Ronaldo pode estar acompanhando os acontecimentos e até com domínio sobre o futuro, mas com sérios empecilhos de comunicação. Por isso é bom manter as discussões no plano terreno e não buscar aventuras extra-sensoriais.
A primeira hipótese seria Ronaldo buscar um período de reflexão e exercitar a capacidade que tinha para ouvir e daí tirar conclusões. Passada a hibernação poderia estar pronto para sugerir ao filho que tentasse reagrupar seu exército, buscar fórmulas de acalmar a boiada e reafirmar a aliança para a reeleição de Ricardo Coutinho, mesmo que isso implique em intermináveis conflitos no futuro.
Outra possibilidade seria Ronaldo, convencido de que Cássio, do alto da montanha de votos que obteve em 2010, tem potencial para uma nova e irretocável carreira-solo e o estimularia a tentar retomar o comando político-administrativo do Estado para inibir o crescimento da liderança de Ricardo Coutinho e impedir o retorno do PMDB ao poder.
Assim como há muitas variáveis nesse processo também há muitas incógnitas, incluindo aí os segredos da convivência de décadas de Cássio com Ronaldo, os ensinamentos e até as definições de estilo. O senador deve saber, no íntimo, o que lhe diria o pai no momento da definição, mas ninguém tem o direito de penetrar nessa intimidade.
HERVÁZIO
Tudo indica que o líder do Governo na Assembleia, Hervázio Bezerra, definitivamente esticou a corda para que ela arrebente separando-o do ninho tucano. O parlamentar vai à chamada “fratura exposta” em dedicação ao projeto que viabilizou sua chegada à Casa Epitácio Pessoa. O PSDB, pelo visto, não tem mais o que lhe oferecer.
SANHAUÁ
Senti de perto, nesta segunda-feira (16), o frisson que tomou conta da classe política com a revolucionária programação adotada pela Rádio Sanhauá, como resultado de uma conjunção de forças: a incrível compreensão de Wilson Braga em render-se a tão ousado projeto, a capacidade de Jussara Braga em compreender a ousadia de Gutemberg Cardoso em priorize a notícia, a informação e o debate numa emissora de ondas médias (AM) e o concurso de alguns fiéis escudeiros que tem, entre outros competentes profissionais, Marcelo José, Maurílio Batista e Sales Fernandes, além do profissionalismo e a sobriedade de Antônio Malvino. Meu conterrâneo Tiago de Melo não diria melhor: faz escuro, mas eu canto.