A primeira construção mais vertical em João Pessoa foi a do edifício do Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (Ipase), no limiar da parte alta da cidade (esquina da rua Duque de Caxias com a Guedes Pereira), com sete andares, entregue no ano de 1951. (Na parte baixa pessoense, até então, havia os da Secretaria de Finanças, na Gama e Melo com Cardoso Vieira, e os do Quartel da PM, dos Correios e do Comando da PM, na Praça Pedro Américo, o mais alto deles, o das Finanças, com cinco andares). Com o do Ipase, a zona central de João Pessoa dava o primeiro sinal mais forte de crescimento vertical, visto como próprio à modernização da cidade. Também na década de 1950, surgiu o primeiro “espigão”, ainda no centro da cidade, no caso, o edifício residencial Presidente João Pessoa (popularizado com o nome de 18 Andares), na esquina da avenida General Osório com a rua Peregrino de Carvalho. No Centro, além dos dois, a década de 1960 marcou novas construções verticais, estando, entre as mais emblemáticas, a do edifício Régis, esquina do Ponto de Cem Reis com a avenida Guedes Pereira, a do antigo prédio da Reitoria, no Parque Solon de Lucena, a do edifício sede do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), na rua Barão do Abiahy, a do Vina Del Mar, na Miguel Couto e as dos edifícios Santa Rita e Caricé, na avenida Getúlio Vargas. Ao mesmo tempo, os construtores moviam seus interesses para a orla pessoense. Portanto, no decorrer da mesma década de 1960, surgiram quatro prédios altos na orla, sendo três no Cabo Branco (João Marques de Almeida, Beiramar e Borborema), e um, o São Marcos, em Tambaú. Todos na primeira via da praia. No caso dos três primeiros, na avenida Cabo Branco, e do último, na avenida Tamandaré. Deles, o João Marques de Almeida era considerado o mais elegante. Mas, na orla, ficou nisso. No exercício do seu governo (1966-1971), João Agripino baixou uma lei proibindo a edificação de prédios altos na orla marítima paraibana (que se posta, do ponto de vista geográfico, marcadamente a leste, onde nasce o sol), e, até hoje, nada mais foi construído naquele perímetro urbano pessoense. Centenas de edifícios, muitos deles bem mais altos e mais chics, vêm abrindo caminho nos céus de João Pessoa, porém, não na primeira rua da orla. A maioria desses prédios certamente existiria hoje ao lado dos quatro mais antigos, formando um imenso paredão, a oeste da praia, a sombrear, logo cedo da tarde, toda o areal, onde o povo toma banho de sol. Restaram no campo do desejo.
(Na foto, o edifício João Marques de Almeida, no Cabo Branco, construído em 1965. Portanto, próximo dos 60 anos, assim como os demais da orla. Após 50 anos, um prédio pode entrar para o acervo do patrimônio histórico).