O desejo de voar, alimentado pelo homem desde tempos imemoriais, começou a ganhar chance com a invenção dos balões, a partir do Século XVIII, baseados nos estudos de Robert Boyle, um irlandês do Século XVII, que criou uma lei sobre o funcionamento dos gases.
Consistiam, como ainda hoje acontece com esse tipo de aeronave, em um aparato que se sustenta no ar pela utilização, em cavidades enormes, de um gás menos denso que a atmosfera.
Os primeiros balões navegavam ao sabor do vento, e os homens não conseguiam ordenar precisamente sua direção. Logo, os inventores criaram mecanismos para que isso fosse possível, surgindo a era dos dirigíveis, ainda no Século XIX.
Nada que possibilitasse, ainda, deslocamentos de longo curso e o transporte de passageiros e cargas, o que somente foi ocorrer no final do mesmo Século XIX, por meio da indústria aeronáutica alemã, sob o comando de Ferdinand Von Zeppelin, que faleceu em 1917.
Sua empresa continuou e um desses dirigíveis, em forma de charuto, o Graf Zeppelin, criado em 1928, conseguiu, um ano depois, dar uma volta ao mundo, espetacular acontecimento para a época. Ele tinha, segundo o site OficeApps, 213 metros de comprimento, 5 motores (a gasolina e gás), transportava 20 passageiros e cerca de 45 tripulantes e um volume de 105.000 m³. Seu tamanho era comparável ao de um quarteirão urbano.
Em 1930, iniciou uma rota de passageiros entre a Europa e o Brasil, com destino ao Rio e escala em Recife. A chegada do Zeppelin em qualquer cidade do país era um acontecimento. Na capital pernambucana o dia de seu pouso, no Campo do Jiquiá, foi feriado municipal. No Rio, outro alvoroço, mobilizando a cidade.
Pois bem, em setembro de 1931, indo na direção do Recife, o Graf Zeppelin sobrevoou João Pessoa, para enorme felicidade de quem estava atento para vê-lo. Não foi para todo mundo, já que não havia certeza de sua passagem. (A rota entre Recife e Rio, então capital do Brasil, que até tinha anúncio cativo em A União, chegou a ser utilizada por parlamentares federais paraibanos).
Em 3 de setembro de 1932, um sábado, novo voo do Zeppelin pelos céus de João Pessoa. A aeronave vinha de Recife com destino à Europa, e resolveu voltear por aqui. Assim o fato foi noticiado por A União, de 4 de setembro de 1932:
“A população pessoense foi ontem agradavelmente surpreendida com a passagem, às 8 horas, em voo lento e baixo, sobre a cidade, do poderoso dirigível germânico ‘Graf Zeppelin’. (…) O ‘Graf Zeppelin’ depois de fazer um largo semicírculo, seguiu rumo a Cabedelo e daí tomou a direção da Europa, onde deverá chegar amanhã à tarde ou à noite”.
O jornal sublinhava que o sobrevoo em João Pessoa se deveu a pedido feito por alemães que dirigiam a Companhia Commercio e Industria Kroncke, estabelecida à rua 5 de Agosto, 50, no Varadouro. Era uma empresa (na época, sendo arrendada pelas Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo) voltada para a produção e comércio do algodão, mas que também comercializava passagens e encomendas via Graf Zeppelin.
Em setembro de 1933, quando da estadia do presidente Getúlio Vargas, na capital paraibana (para inauguração, na Praça João Pessoa, do monumento ao ex-presidente do estado, morto em 1930), o Graf Zeppelin também deu o ar da graça na cidade, para homenagear o líder da Revolução de 1930. Outra vez que isso aconteceu foi em agosto de 1934, com a aeronave a caminho do Recife.
Dessa forma, os pessoenses tiveram a oportunidade de ver, algumas vezes, o grande Graf Zeppelin nos céus da cidade.
Acontece que em 1937, um outro dirigível da mesma empresa alemã, o Hindenburg, ainda maior que o Zeppelin, explodiu no distrito de Lakehurst, no estado norte-americano de Nova Jersey, provocando enorme tragédia e pondo fim à era dos grandes balões dirigíveis. Então, o Zeppelin foi desmanchado e seu material usado em navio de guerra alemão. Mas essa é uma outra história.
(A foto do Graf Zeppelin, no Campo dos Afonsos-Rio, é do Museu Aeroespacial Brasileiro, mantido pela Força Aérea Brasileira-FAB)
Fonte: PMCG
Créditos: Polêmica Paraíba