Em meio ao quase que puramente e estéril debate político-eleitoral que domina a Paraíba surge um movimento que merece ser destacado. É a criação do movimento ‘João Pessoa que queremos’.
Inicialmente, o movimento apareceu protestando contra a possibilidade de derrubadas de árvores na avenida Beira-Rio para obras de alargamento.
Efetivamente, o movimento começou aí. Mas ampliou-se e transformou-se numa organização social com o objetivo de lutar pela edificação de uma cidade que ofereça boa qualidade de vida aos seus habitantes.
Logo em sua primeira luta o movimento ‘João Pessoa que queremos’ constatou que o poder público anuncia obras sem projetos e sem quaisquer estudos de viabilidade de impacto ambiental.
É o caso da Beira-Rio. A Prefeitura ora fala em implantação de corredor exclusivo para ônibus, ora em implantação de terceira faixa e agora mais recentemente na construção da terceira faixa em apenas dois trechos. Também não havia levantamento de quantas árvores seriam sacrificadas. Falta planejamento, em suma.
Outra constatação é a de que os moradores da cidade não são consultados sobre nada, especialmente em relação aos grandes projetos anunciados com pompa pelos gestores públicos de todos os tempos.
O movimento ‘João Pessoa que queremos’ ganhou caráter multidisciplinar, com a participação de arquitetos, engenheiros, professores, ambientalistas, estudantes e outros segmentos da sociedade. Quer participar das discussões em relação aos projetos de intervenção na cidade e vai se contrapor, com mobilizações e protestos, em relação às propostas que possam agredir a comunidade. Alvíssaras!
Toda cidade que se preze precisa de um movimento social que a defenda. Muitos projetos, públicos ou privados, são predadores e precisam de ampla discussão e contraposição. João Pessoa não pode prescindir de movimento com tal objetivo.
Aliás, outros atores e organizações sociais precisam fortalecer o movimento ‘João Pessoa que queremos’. A cidade vai agradecer depois.
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Notas sobre o projeto Beira-Rio
– Levantamento do movimento ‘João Pessoa que queremos’ indica que seriam derrubadas cerca de 200 árvores para a implantação de uma terceira faixa para corredor exclusivo de ônibus na avenida Beira-rio;
– O secretário de Infraestrutura da Prefeitura, Ronaldo Guerra, revela que o projeto a ser executado derrubaria apenas 34 árvores, pois se resumiria a alargamento em dois trechos – da rua do Capim à rotatória de acesso ao Altiplano (sentido centro-praia) e do posto de Afrânio à Igreja Batista (sentido praia-centro);
– O movimento ‘João Pessoa que queremos’ constatou que só existem duas linhas de ônibus na Beira-rio e, por isso, questiona a necessidade de corredor exclusivo de ônibus;
– Mesmo assim, o movimento aceita a implantação do corredor exclusivo de ônibus, mas é contra o alargamento;
– Estudos do movimento ‘João Pessoa que queremos’ indicam que todos os problemas de tráfego na Beira-rio se concentram no trecho próximo ao girador de acesso ao Altiplano (nos dois sentidos); nos demais trechos o tráfego flui razoavelmente;
– Outro grave problema da Beira-rio são as calçadas – nalguns trechos não existem e noutros são ocupadas pelos estabelecimentos comerciais.
– Até agora, a Prefeitura ainda não apresentou o projeto que tem para a Beira-rio;
Nota: a foto que ilustra o texto é de uma reunião do movimento João Pessoa que queremos com o chefe de Gabinete da Prefeiura de João Pessoa, Zennedy Bezerra.