Como era de se esperar de um político que começou a carreira ainda na infância e no seio de uma tradicional família política, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) tem jogado bem e tirado muito proveito na situação de disputa no Estado.
Cássio surfa no desgaste do governador Ricardo Coutinho com os aglomerados políticos lotados de cabos eleitorais sem cargos e com setores da imprensa, além de entidades do funcionalismo e de alguns segmentos sociais, e num erro de estratégia da oposição, que o bafeja na tentativa de enfraquecer o governador.
Mas, paradoxalmente, o senador Cássio Cunha Lima, apesar de estimular aliados a difundirem sua possível candidatura a governador (incluindo aí até o presidenciável Aécio Neves), tem pessoalmente feito movimento contraposto, em contrário, gerando um vai e vem meio complexo.
No mesmo dia em que o senador Aécio Neves dizia, em Campina Grande, que o povo da Paraíba pedia sua candidatura, o jornal o Globo publicava declarações de Cássio afirmando que a dobradinha PSDB-PSB deve continuar em 2014.
Mais: Cássio associou claramente o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB, ao a uma estratégia do PSDB para a disputa das eleições presidenciais. Os dois partidos parecem ter armado uma aliança estratégica, que envolveria eleições em alguns Estados, alianças partidárias e o segundo turno presidencial.
Neste contexto, a candidatura de Cássio a governador não medraria, já que a prioridade seria a candidatura de Aécio Neves a presidente. Talvez por isso o próprio Cássio tenha insistido publicamente que prefere a manutenção da aliança com o governador Ricardo Coutinho. Mas todos seus aliados dão sua candidatura como certa.
Na verdade, Cássio se beneficia de um modelo de esperteza digno da antiga política mineira. O que abunda não falta. A defesa de sua candidatura por aliados o põe na preferência do eleitorado. Se for candidato, sai na frente. Se não for, terá cacife para se impor na negociação de chapa, coligações e formação de governo.
Cássio tem se beneficiado, sobretudo, do fato de ser pré-candidato sem qualquer contraditório. Não se avalia as suas gestões, que não foi lá muito diferente das outras, nem se cobra planos de governo.
O governador Ricardo Coutinho e aliados não podem fazer o contraditório porque esperam o apoio de Cássio e a oposição (PMDB e partidos do blocão-PT/PP/PSC, além de outros) não critica nem o questiona porque sua possível candidatura, em tese, prejudicaria o governador.
Essa é a onda na qual Cássio tem surfado. E, pasmem, com os aplausos de quase todos – aliados, adversários e os que não são contra ou a favor.
Enquete
Uma enquete realizada no programa do radialista Nilvan Ferreira, na rádio Arapuan, na segunda-feira, pode ser um indicativo do erro de estratégia da oposição em relação ao senador Cássio Cunha Lima e ao governador Ricardo Coutinho.
Nas intenções de voto, Cássio obteve 44 menções, Ricardo 25, Veneziano Vital do Rego ficou com 16 e o ex-prefeito Luciano Agra, 9.
Enquete não é pesquisa, mas esses números podem indicar que, se Cássio e Ricardo mantiverem a aliança, passarão por cima da oposição, e, se romperem pode haver polarização da disputa entre os dois, e deixar a oposição como terceira força.