Por Rubens Nóbrega
Caro Rubens Nóbrega, fui abordado hoje por um colega professor que está vendendo um carro, um Fiat Uno básico. O homem parecia desesperado. Perguntei o que estava se passando e ele me fez o seguinte relato:
– Sou casado há dez anos, nem eu nem minha esposa temos qualquer problema de fertilidade, pois já fizemos vários exames especializados e nada de anormal foi constatado, mas ela não engravida. Fomos orientados pela médica dela a fazermos inseminação artificial em Recife ou em Natal, que tem esse atendimento pelo SUS, mas não conseguimos porque os casais daqueles estados têm a preferência. Nós da Paraíba não temos vez. Por isso estou vendendo o meu carro para pagar o procedimento em uma clínica particular do Recife. Preciso resolver isso. A minha mulher já está com problemas psicológicos, vai acabar ficando louca e eu também.
Agora eu pergunto: na Paraíba, onde o Governo paga cirurgia para mudança de sexo, que é muito cara e complexa, por que não cria uma clínica de fertilização como há nos estados vizinhos? Os paraibanos vão continuar sendo humilhados em outros estados por que o governo daqui não faz nada para resolver essa situação?
Na esperança de que você exponha mais esse drama de paraibanos de bem na sua coluna, receba o abraço do seu leitor Leônidas dos Santos.
Mais drama na saúde
Por falta de médicos plantonistas, o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) decidiu ontem fazer a interdição ética da urgência e emergência do Arlinda Marques, o maior hospital pediátrico de João Pessoa e de todo o Estado.
Os quatro pediatras plantonistas – isso mesmo, quatro – reivindicavam ganhar o mesmo que seus colegas do Edson Ramalho e da Maternidade Frei Damião, também hospitais mantidos pelo Estado. Mas o governo estadual não deu a menor.
“Como as negociações não prosperaram, após comunicar ao CRM-PB, eles decidiram entregar os seus plantões extras”, revelou o Doutor Eurípedes Mendonça, diretor de Fiscalização do CRM.
Drama na segurança
Caro Rubens, na campanha de 2010 o então candidato a governador Ricardo Coutinho afirmava que iria colocar a Polícia na rua, reforçada por PMs que estariam nos quartéis fazendo serviço burocrático. Cadê?
Eleito e empossado, o homem acabou com a Manzuá prometendo criar uma operação itinerante permanente, que estaria rodando todos os cantos da Paraíba, com o objetivo de pegar de surpresa os bandidos. Cadê?
A gente anda por João Pessoa e não vê uma viatura da Polícia. Se for aos bairros mais pobres, aí a coisa piora. Talvez na orla você veja algumas viaturas, não para coibir o crime, mas para fazer exibição.
Ah, e como sou servidor do Estado, se for tocar no assunto na coluna, favor não botar meu nome. Perseguidor do jeito que esse governo é…
Drama na Defensoria
A advogada Madalena Abrantes, presidente da Associação Paraibana dos Defensores Públicos da Paraíba, levou a Brasília e ao Secretário Nacional de Reforma do Judiciário, Flávio Crocce Caetano, o drama da Defensoria Pública da Paraíba, que desde o início do ano recebe duodécimo reduzido em R$ 1,2 milhão pelo Executivo Estadual.
Doutora Madalena entregou documento àquela autoridade relatando ainda as carências principais da DP paraibana: não tem sede própria, muito menos pessoal para dar assistência judiciária gratuita aos mais necessitados. Precisa de 328 defensores, no mínimo, mas só conta com 266, a maioria já com tempo para se aposentar, querendo se aposentar. Por conta dos baixos salários que recebe.
Drama de um líder
Colega, daqui, de Salvador, continuo lendo a sua coluna. E assim posso acompanhar a saga dos empresários nanicos, aqueles que realmente são o motor, a capilaridade da “economia” paraibana.
Acompanho, também, a débil tentativa de se explicar o abuso aéreo, por parte do Governo. Dentro disto, chamou-me a atenção o esforço do líder (?). Escalado para fazer o papel mais difícil: explicar o inexplicável. E para exercer seu mister, o rapaz não tem pejo de tentar tornar verossímeis estórias que lhe contam.
Ele até que tem passado de destaque. Foi vereador atuante, com trabalho legislativo bem visível na Capital. Saiu-se bem como secretário de saúde, não se comprometendo nem ao seu então chefe. A sua lealdade àquele parecia canina, com juras eternas. Mas…
Foi justamente a ambição de torna-se deputado que o desviou, alterou-lhe o caráter de tal forma que o fez “negar Cristo três vezes”. Alguns dizem que a culpada foi a sopa de traíra que ele provou, distribuída pelo Toinho, e que os deputados adoram.
O fato é que virou da água para o vinho, pulou do Cristo para o Anti-Cristo, tornando obscuro o seu futuro político. Uma pena…
Um grande abraço, Apporelli.