O encontro de dirigentes e lideranças do PT, PP, PSC, PEN e PTB num café da manhã, no apartamento do ministro Aguinaldo Ribeiro, em João Pessoa, nesta segunda-feira, tem ingredientes para se revestir de fato novo na política da Paraíba.
Sem muitos esforços de análise, o evento permite meia seis ou sete leituras interessantes.
Terceira força
A primeira delas é de que, se essas cinco agremiações formarem de fato um bloco para a disputa das eleições de 2014, estará efetivamente constituída, pela primeira vez, uma terceira força na política da Paraíba, com condições de disputar, com chances, o comando do Estado.
A consolidação do bloco depende agora apenas da confirmação do ingresso do PTB do ex-deputado Wilson Santiago e do PEN do deputado e presidente da Assembleia, Ricardo Marcelo. Mas a tendência parece ser a confirmação.
Disposição de Aguinaldo
Destaque-se, noutra leitura, a iniciativa do ministro Aguinaldo Ribeiro de promover o café e de conceder entrevistas afirmativas sobre a reunião. Agora, haveria de sua parte a disposição de consolidar o bloco e talvez até de ser o candidato a governador.
Cansaço da escada
A participação do ex-deputado Wilson Santiago e do deputado Ricardo Marcelo parecem ser indicativos do cansaço de algumas das lideranças intermediárias da política da Paraíba de servirem de apoio ou escada para os grandes grupos que sempre polarizaram a política da Paraíba.
Motivações de Aguinaldo e Santiago
Nos casos específicos Aguinaldo e de Santiago, a disposição dos dois de constituírem a terceira via pode ser impulsionada por dois vieses – o estímulo das lideranças nacionais do PT para o lançamento de candidato próprio na Paraíba ou a iniciativa de ambos para antecipar a construção da terceira força e evitar a imposição de uma aliança com o PMDB. A segunda hipótese parece ser a mais provável.
Problemas de Veneziano
O evento permite ainda a confirmação da desconfiança de que as lideranças dos partidos de porte médio da oposição têm dificuldades de apoiar a candidatura do ex-prefeito Veneziano Vital do Rego. A família Ribeiro, do PP, por causa de desconfianças históricas. Santiago por causa de confrontos com Vital do Rego Filho durante a campanha para o Senado em 2010. Parte do PT pela posição da defesa da tese do protagonismo petistas, que defende a candidatura própria, e outra, por causa de conflitos na campanha para prefeito de Campina Grande em 2012.
A consolidação da terceira via pode prejudicar substancialmente a candidatura do ex-prefeito Veneziano Vital do Rego.
Sem sinais de Cássio
A presença de Ricardo Marcelo no encontro sugere ainda que o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) não deve ter dado sinais mais concretos de sua possível candidatura a governador em reunião que o presidente da Assembleia teve com ele, na semana passada, em Brasília. Sem essa perspectiva, Marcelo passa a buscar alternativas pra 2014.
Nova conjuntura
Uma última leitura é a de que os partidos de porte médio estariam fazendo a análise de que tanto o governador Ricardo Coutinho (PSB) quanto o ex-prefeito Veneziano Vital do Rego estariam fragilizados política e eleitoralmente, deixando aberta a disputa governamental de 2014, numa conjuntura parece com a de 2012 em João Pessoa, que permitiu a eleição de Luciano Cartaxo a prefeito.