Opinião

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: O gradil que foi da praça para o cemitério - Por Sérgio Botelho

Já abordei em outro momento um pouco da história da atual Praça João Pessoa, que foi de Largo do Colégio, passando por Passeio Público e Comendador Felizardo, até o nome atual, definido a partir de 1930.

PARAHYBA DO NORTE E SUAS HISTÓRIAS: O gradil que foi da praça para o cemitério - Por Sérgio Botelho

Já abordei em outro momento um pouco da história da atual Praça João Pessoa, que foi de Largo do Colégio, passando por Passeio Público e Comendador Felizardo, até o nome atual, definido a partir de 1930.

Em boa parte desse tempo, até o governo João Pessoa (1928-1930), havia um gradil de ferro que isolava o logradouro. Segundo os críticos, a arrumação acabou se transformando em escancarado fator de separação social.

Foi nesse gradil que, em 1922, acabou tombando morto o jovem Sady, do Lyceu Paraibano, impedido de falar com sua amada Ágaba, que estudava na Escola Normal (no atual prédio do Tribunal de Justiça), atingindo pela bala da (i)moralidade estabelecida pelas autoridades educacionais da época. Poucos dias depois a moça cometeu suicídio, completando a tragédia. Também já falamos sobre o assunto.

Durante as duas primeiras décadas de 1900, a praça Comendador Felizardo serviu de cenário a memoráveis retretas, no espaço interior do gradil, das quais participavam pessoas da sociedade, com abertura para estudantes e funcionários públicos, com o povão no sereno. Ao assumir o governo do estado, quando ainda repercutia muito fortemente a morte de Ágaba e Sady, o presidente João Pessoa resolveu dar outro destino ao gradil, abrindo definitivamente a praça à população em geral.

No Cordão Encarnado estava o centenário Cemitério Senhor da Boa Sentença, então administrado pela Santa Casa de Misericórdia, após desativar um outro campo de enterramento de pessoas que cada vez mais precariamente funcionava sob sua (da Santa Casa) responsabilidade, em terreno adjacente ao qual ainda hoje se encontra a resistente Igreja da Misericórdia.

No espaço coabitavam o cemitério, o Hospital de Mendicidade e um asilo para ‘alienados’, transferidos, também, para outro local, no caso, o sítio da Cruz do Peixe. Como o Senhor da Boa Sentença, tido como o mais antigo cemitério pessoense, necessitava de ser melhor protegido, foi o gradil da Praça Comendador Felizardo para ali destinado. Onde se encontra até hoje.

(Na primeira foto, detalhe do gradil do Cemitério Senhor da Boa Sentença que já cercou a Praça João Pessoa. Na outra foto, o mesmo equipamento, ainda na praça, onde se vê, ao fundo, o Palácio do Governo e a antiga Igreja de Nossa Senhora da Conceição, derrubada no final da década de 1920 e reconstruída no Cordão Encarnado)