Pela primeira vez, gramado vira palco de casamento, em vez de protestos e defesa de bandeiras políticas
Nos últimos anos, milhares ocuparam o gramado em frente do Congresso Nacional para defender a renegociação das dívidas rurais, a jornada semanal de 40 horas e o casamento gay ou para protestar contra projeto que pune a discriminação contra homossexuais, a corrupção em Brasília e o aumento dos salários dos parlamentares e autoridades do Executivo. Ao pôr-do-sol do último sábado (18), um aglomerado de pessoas se reuniu para defender o amor. Foi o casamento do advogado Jackson Domenico e da cantora Nádia Santolli, o primeiro realizado no local.
Eles conseguiram autorização das autoridades para realizar a cerimônia de matrimônio em frente à Câmara e ao Senado, instalados em edifício considerado por seu autor, o arquiteto Oscar Niemeyer, o mais bonito de sua criação em Brasília. “Minha noiva e eu entendemos que é um lugar livre, com um céu maravilhoso. Quisemos celebrar nosso casamento num local público”, afirmou. “O Congresso Nacional representa um dos maiores símbolos da nossa nação, é a expressão do futuro, da esperança e a continuidade de muitos sonhos. Por isso, escolhemos este local para celebrar a nossa alegria.”
Advogado catarinense dono de um escritório em Brasília, Domenico conheceu a carioca Nádia na capital federal. Ele a viu cantar numa igreja evangélica da cidade. Pediu para tirar uma foto ao lado da moça, que tem contrato com a Sony Music e três discos gravados. Em um mês começou o namoro entre Nádia e o advogado.
O casamento acontece agora, nove meses depois. “Desde o início eu sabia que iria me casar com ela”, conta Domenico.
A autorização para fazer a cerimônia no gramado não permitiu a colocação de cadeiras. Todos ficaram em pé, muitos com balões vermelhos em forma de coração para aguardar a chegada da noiva e a celebração do casamento.