O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou de petistas, neste fim de semana, mais unidade e pediu que a bancada federal do partido concilie suas divergências para não prejudicar o governo da presidente Dilma Rousseff. No Encontro das Macrorregiões do PT de São Paulo, em Sumaré, a 120 quilômetros da capital paulista, Lula, falando a cerca de dois mil militantes do partido, citou o ex-ministro José Dirceu, o deputado João Paulo Cunha (SP), ex-presidente da Câmara, e o deputado Ricardo Berzoini (SP), ex-presidente nacional do partido.
—Qualquer fissura na bancada do PT e não faltará partido para colocar uma cunha para essa fissura aumentar. A unidade do PT é condição básica para que a companheira Dilma tenha tranquilidade para governar . Em tom de pito, brincou: — Se os companheiros tiverem divergência, o Rui Falcão (presidente nacional do partido) convoca o diretório nacional e coloca os deputados com divergência e “tarraca-lhe” o cacete dentro de uma sala fechada.
Lula recomendou à militância que “não baixe acabeça” e enfrente os adversários políticos “de igual para igual” diante do “achincalhamento” de que o partido é vítima. Ele lembrou o caso do sequestro do empresário Abílio Diniz, em 1989, quando, segundo ele, tentaram vestir uma camisa do PT em um dos sequestradores. E citou também a prisão em maio do vice-prefeito de Campinas, Demétrio Vilagra, do PT, acusado de comandar um esquema milionário de fraudes em licitações:
—Não vamos esquecer , o vice-prefeito de Campinas estava de férias com a mulher quando estamparam cartazes de procurado no aeroporto. Eu, sinceramente, já estou de saco cheio de ver companheiros serem acusados, terem a família destruída, e depois ninguém prova coisa nenhuma contra o companheiro e ele jamais se recupera. No discurso, Lula voltou a criticar a mídia e disse que, se dependesse dos grandes veículos de comunicação, jamais teria deixado a presidência com 87% de aprovação popular .
—Se dependesse da primeira página dos grandes jornais, eu só ia perder pontos no Ibope.
De O Globo