Reme-se contra a maré: a ameaça de desativação de tanques de combustíveis no Porto de Cabedelo não está resolvida.
Valeram as ações do governador, vice-governador, senadores, deputados federais e estaduais para garantir a permanência da cabotagem e da manutenção de tanques de armazenamento de combustíveis no Porto de Cabedelo para distribuição no Estado.
Valeu a presidente da Petrobras, Graça Foster, garantiu ao governador que ninguém mexe e o ministro das Minas e Energia e o presidente da Transpetro prometerem à bancada federal que o Porto de Cabedelo vai continuar sendo o pólo de distribuição de combustíveis na Paraíba.
Não obstante tudo isso e por mais impensável que possa parecer depois do festival de audiências e de promessas das autoridades do setor nos últimos dois dias, a ameaça de desativação dos tanques no Porto de Cabedelo ainda não foi dissipada.
Existem dois fatos que, se ligados, indicam que a ameaça persiste.
Apresente-se o mais recente. O deputado Hervázio Bezerra disse na manhã desta quarta-feira, no programa Tambaú Debate (rádio) que, na audiência com o governador Ricardo Coutinho, a presidente da Petrobras, Graça Foster, teria dito que a empresa não vai desativar os tanques no Porto de Cabedelo, mas teria revelado o desejo de transferir as despesas de cabotagem (transporte por navio do combustível) para as distribuidoras.
Lembre-se, agora, o segundo fato. Há mais de um ano que a Petrobras (ou Transpetro) não renova o contrato com o Porto de Cabedelo.
Por que não renova, então? A Petrobras não renova o contrato com o Porto porque deseja transferir as despesas para as distribuidoras, que são instaladas quase todas em Pernambuco.
E se as distribuidoras não aceitaram bancar a conta? Aí que reside o perigo. Elas não querem. Por isso existe a ameaça de transferência da distribuição de combustíveis para o Porto de Saupe, onde as distribuidoras concentram suas operações de logística.
E se as distribuidoras aceitarem pagar a conta? O problema se transforma em perigo de aumento dos preços dos combustíveis no Estado, já que será inevitável o repasse dos custos para o consumidor. Aí quem vai pagar a conta são todos os paraibanos.
O problema, portanto, apesar de todas as promessas e todos os discursos cantando vitória, ainda se mantém posto. A Paraíba ainda corre o risco de perder seu pólo de distribuição de combustíveis no Porto de Cabedelo ou de sofrer o impacto de transferência de custos planejado pela Petrobras.
No afã de tirarem proveito político da situação, os políticos da Paraíba acabam não enxergando um palmo à frente do nariz.