Trama criminosa

Rubens Nóbrega

O Jampa Digital não funciona porque são obsoletos os equipamentos comprados pela Prefeitura da Capital para fornecer à população acesso gratuito à Internet, revelou ontem o prefeito Luciano Cartaxo em entrevista à CBN João Pessoa.

A revelação do alcaide só aumenta a suspeita de que desde a concepção esse projeto foi uma trama criminosa arquitetada com um único propósito: desviar dinheiro público para o bolso privado, desvio esse que já consumiu mais de 6,5 milhões.

De outro lado, a própria afirmação do prefeito impõe a ele mesmo tomar providências – inclusive judiciais, se necessário – para fazer o Jampa funcionar.

Independentemente do que vier a decidir a Justiça contra os envolvidos nessa pouca vergonha, Cartaxo está obrigado a obrigar a Ideia Digital (empresa contratada para executar o projeto) a no mínimo fornecer os tais equipamentos atualizados.

Além dos equipamentos, a famosíssima empresa baiana deve prestar os serviços que resultem, enfim, na oferta de Internet sem fio gratuita e de qualidade em ambientes públicos abertos ou fechados da cidade, começando pela própria sede da PMJP.
Refiro-me ao Centro Administrativo Municipal, em Água Fria, onde o Jampa aparece como alternativa de conexão, mas não conecta o usuário a coisa alguma, a não ser a mais uma escandalosa referência de má governança e corrupção na Paraíba.

Buracos traiçoeiros

Sucessivos governos da Paraíba têm descuidado da manutenção e conservação do patrimônio público. Todos parecem trabalhar na lógica segundo a qual bom mesmo é construir obra nova, que pode render, além de imagem e voto, otras cositas mas.
Eis por que a gente vê, por exemplo, estradas mais antigas tão desprezadas, tão esburacadas, o mato tomando conta do acostamento ou encobrindo a sinalização já bastante apagada, tudo contribuindo para arrebentar pessoas e carros em acidentes.
Quem quiser se arriscar pra saber como é, sugiro trafegar – com todo o cuidado do mundo – pelas rodovias estaduais (as chamadas PBs) que ligam Alhandra a Caaporã ou Guarabira a Remígio, passando por Bananeiras, Solânea e Arara.
Se não tiver cuidado, pode muito bem quebrar a suspensão, perder uma roda ou mesmo a vida se cair ou bater em algum dos muitos buracos traiçoeiros que aguardam os motoristas em vários trechos daquelas estradas esquecidas pelo governo.

Interdição e negligência

A interdição do edifício do finado Paraiban na Avenida Epitácio Pessoa, na Capital, decretada em pleno feriadão por uma juíza do Trabalho e reafirmada pela presidência do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), expõe com mais clareza e contundência o quanto o atual Governo do Estado não dá a mínima para a manutenção e conservação do patrimônio público; muito menos, para a segurança e salubridade nos locais de trabalho de seus servidores.
Naquele prédio funcionam nada menos que cinco secretarias de Estado (Casa Civil, Controladoria Geral do Estado, Procuradoria Geral do Estado, Secretarias da Juventude e da Mulher) e órgãos importantíssimos como o Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual (Ideme), a Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa) e o Núcleo de Fiscalização da Secretaria da Receita.
Além de negligência em obrigações tão comezinhas, a gestão da vez também mostra reiteradamente desprezo e desrespeito às ordens ou recomendações de outras esferas de poder, como a Justiça e o Ministério Público do Trabalho, que desde janeiro deste ano mandam – em vão – interditar e desocupar a sede que ameaça ruir, acabar com a vida ou, no mínimo, com a saúde de quem trabalha lá dentro.

 

Outra surpreendente

Essa veio de Brasília, ontem, pela voz do deputado Manoel Júnior, coordenador da nossa bancada federal. Segundo ouvi dele no programa Rádio Verdade (Arapuan FM, de João Pessoa), desde a coroação em 1º de janeiro de 2011 o governador Ricardo Coutinho procurou entender-se uma única vez com a representação parlamentar da Paraíba no Congresso Nacional.
Imagino que tenha sido por conta das verbas destinadas ao Estado no Orçamento Geral da União. No mais, como provaria o recente episódio da ameaça de fechamento das instalações da Petrobrás no porto de Cabedelo, Sua Majestade enceta gestões e busca soluções de forma solitária junto às instâncias federais. Talvez para não repartir com mais ninguém o brilho de eventual incursão ou reivindicação bem sucedida.
Sendo assim, talvez seja melhor refazer o título deste tópico. Não há mais qualquer motivo para alguém – muito menos este colunista – surpreender-se com as atitudes do nosso governante.

Terceirizador e fechador

Se esse governo foi capaz de terceirizar funções básicas de Estado como a saúde e de fechar 200 escolas ou mais, em vez de criar as condições para enchê-las de alunos e professores motivados, também não surpreende de forma alguma que tenha resolvido desativar 20 postos e coletorias do Fisco Estadual. Se continuar nessa pisada, mais um pouco e aparece algum gaiato para aplicar ao Ricardus I aquele chiste que diz assim: “Visite a Paraíba antes que Ricardo Coutinho acabe com ela”.