Jampa Digital: defesa de Rômulo é melhor do que a de Ricardo e a de Aguinaldo

Josival Pereira

Como era de se esperar, as três principais autoridades mencionadas no inquérito da Polícia Federal (PF) relativo a investigações sobre o projeto Jampa Digital já se defenderam publicamente.

Ricardo

O governador Ricardo Coutinho negou, com razão, que tenha sido indiciado. Disse ainda que não foi citado, intimado ou ouvido na investigação e deu caráter político às acusações.

Neste item, o governador acusou a Rede Globo de Televisão e sua afiliada na Paraíba (TV Cabo Branco) de armação, e viu tentativa de prejudicar a pré-candidatura do presidente nacional de seu partido – o PSB, governador Eduardo Campos, à presidência da República, lembrando episódios em que a Globo foi acusada de armar contra o ex-governador Leonel Brizola. E recordou até dívidas tributárias da indústria São Braz, supostamente perdoadas na gestão do ex-governador José Maranhão.

Aguinaldo

O ministro das Cidades, Aguinaldo Almeida, negou a autoria de qualquer irregularidade ou ilícito alegando que todo o processo de licitação para contratação de serviço de execução e compras do Jampa Digital teria sido comandado pela Secretaria de Administração de João Pessoa e não pela pasta à época sob seu comando, a Secretaria de Ciências e Tecnologias.

Rômulo

O vice-governador Rômulo Gouveia, em entrevista, buscou atacar cada uma das das acusações contidas no inquérito. Negou suposta reunião com diretores da empresa Ideia Digital com outra agenda de compromissos em João Pessoa no mesmo dia, negou a existência de ofício de seu gabinete parlamentar ao Ministério da Ciência e Tecnologia, disse não ser responsável por ações de um ex-assessor parlamentar e que não teve participação na captação de recursos para a campanha de 2010.

Além disso, se dispôs a abrir mão de seu sigilo bancário e o da mulher – deputada Eva Gouveia – para mostrar que não recebeu vantagens indevidas, conforme a conclusão do inquérito.

Técnica

Numa análise rápida, talvez seja razoável se concluir que a defesa de Rômulo é melhor do que a do governador Ricardo Coutinho e a do ministro Aguinaldo Ribeiro.

Explica-se: Rômulo atacou cada um dos pontos da acusação, contrapôs informações e ainda ofereceu seu sigilo bancário e o da mulher. Lógico que seus argumentos ainda precisam de materialização e de análise do Ministério Público e depois da Justiça. Mas ele enfrentou as acusações de frente, repelindo-as. Fez uma defesa mais técnica.

Política

O governador Ricardo Coutinho optou por uma defesa eminentemente política. Talvez em razão de não existir uma acusação formal contra ele, já que não foi indiciado. O problema é que a defesa política não rebate a acusação de que dinheiro do projeto Jampa Digital teria sido usado em sua campanha. Não foram contrapostas alegações a essa conclusão do inquérito.

Outro problema é que acusar a Rede Globo ou outros veículos de comunicação de armação não responde ao inquérito da Polícia Federal (PF). Assim, talvez não seja uma boa defesa para o momento.

Na conjuntura atual que o país vive, a defesa num caso desses tem que ser a que reste provado sobejamente que o governador não conhecia os fatos ou que não houve desvios e que não foram usados recursos do projeto na campanha eleitoral. Não pode haver dúvidas.

Santice

Em relação ao ministro Aguinaldo Ribeiro, a fragilidade de sua defesa é que ataca apenas aspectos formais da questão. Ou seja, em outras palavras, argumenta que era secretário, que sua pasta estava implantando um projeto que envolvia milhões, mas ele não tinha nada a ver com isso. Tudo era conduzido por outra secretaria. Pode até ser, mas parece haver santice demais nesses argumentos.