"Uso da prefeitura para criação do PSD é 'exceção'"

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, pediu para a Corregedoria que apure o uso da estrutura da prefeitura para coleta de assinatura de apoio ao PSD, partido que está criando.

Ontem, o chefe de gabinete da Subprefeitura da Freguesia do Ó, na zona norte de São Paulo, entregou uma lista de apoio à sigla a um repórter, que assinou o documento no gabinete do subprefeito Valdir Suzano, que estava no local.

“Essas exceções acontecem. Elas estão sendo corrigidas ou punidas”, afirmou o prefeito.

Kassab disse que o assessor “tomou iniciativa de se demitir para não criar nenhum constrangimento”.

Para obter o registro da nova legenda na Justiça Eleitoral, Kassab e seus aliados são obrigados a apresentar 490 mil assinaturas de eleitores até o dia 30 de setembro.

Elas servem como declaração de apoio à fundação da sigla, e devem ser colhidas em pelo menos nove Estados do país para garantir a amplitude nacional do partido

“É uma gestão que tem simpatia por esse partido, todos sabem. Mas, é inadmissível que nós tenhamos uma vinculação das atividades públicas com o partido”, disse.

Segundo o prefeito, a reportagem foi pertinente. “Se existem irregularidades, elas deverão ser punidas para que sejam ações exemplares de um partido que quer ser diferente.”

O servidor Roberto Rodrigues foi exonerado ontem após contato da reportagem com a prefeitura.

Informações dão conta de que servidores das subprefeituras estariam trabalhando para coletar essas assinaturas em diversos bairros da capital.

Segundo eleitores que foram abordados, cada subprefeito tinha uma espécie de “cota” para cumprir.

Reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” de quarta-feira (15) mostrou que uma servidora comissionada de uma subprefeitura da zona sul enviou e-mail pedindo ajuda a amigos para coleta de assinaturas.

Segundo o relato do jornal, a funcionária disse que havia recebido uma “missão” do “chefe mor”.

Sobre o caso, Kassab lembrou hoje que a funcionária usou seu e-mail pessoal e fora do expediente.

O DEM, partido que Kassab deixou para fundar o PSD, apresentará hoje duas representações solicitando que a captação de assinaturas seja investigada pelos Ministérios Públicos Estadual e Eleitoral.