Dilma fala em 'renovar diálogo', mas fica a dúvida de como isso se dará na prática

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Igor Gielow

No dia de sua chegada, o papa Francisco foi exposto quase imediatamente a alguns hábitos típicos das autoridades brasileiras.

A começar pelo deficit organizacional. A temerária confusão em seu trajeto de chegada apresentou o sumo pontífice à tradicional desconfiança que se deve ter da capacidade local em fazer coisas que deveriam ser relativamente simples. Felizmente para o papa, a multidão que o cercou perto da catedral do Rio estava lá para saudá-lo.

Já Dilma Rousseff apostou do autoelogio. Desfiou esforços das gestões petistas que, pelo raciocínio empregado, vão de encontro às aspirações da Igreja Católica.

O caudaloso discurso (1.133 palavras, contra 900 proferidas pelo pontífice) tentou cristalizar o “inimigo comum”: a desigualdade. E lá se foram referências às “tecnologias sociais” e ao Bolsa Família -de forma bem mais panfletária do que Lula havia feito com Bento 16 em 2007.

O texto juntou resposta à sua versão do que é a “voz das ruas” a uma defesa duvidosa, ao considerar que o interlocutor é um jesuíta com “ascendente” franciscano, da “crença em nós mesmos”.

Resta saber qual será o tom de Francisco, famoso por sua franqueza. Ontem, seu discurso foi protocolar, como o Vaticano havia anunciado. A expectativa no Planalto é de que continue assim.